Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2019 | Page 30
complemen-
tada por estudo
de ecografia.
Devem-se
realçar algumas
exceções, as
mais impor-
tantes pela sua
frequência no
tricípite sural.
Figura 5 - Imagem de ecografia da perna direita: lesão da junção
A ecografia tem
miotendinosa distal da cabeça medial do gastrocnémio.
muito baixa
acuidade para
Nas concentrações usadas esses
a detecção de lesões do músculo
agentes têm o efeito de aumentar o
solear, pelo que a sua avaliação
sinal T1, pelo que se usam sequên-
inicial deverá ser realizada por RM.
cias ponderadas em T1 com satu-
Por outro lado, a ecografia é uma
ração de gordura após a injeção de
excelente técnica para a caracteriza-
contraste.
ção das lesões da cabeça medial do
músculo gastrocnémio.
Ouve-se falar em Tesla 1.5 ou 3.
A localização e o grau de envolvi-
Tem relação com a qualidade do
mento do tecido conjuntivo pela lesão
exame?
muscular (figura 5) são as duas carac-
terísticas imagiológicas com maior
Exames de RM musculoesquelética
impacto no prognóstico e estimativa
deverão ser realizados em aparelhos do RTP. O envolvimento do tecido con-
com campo magnético 1,5 ou 3,0
juntivo é subavaliado por ecografia e
Tesla. Vantagens de campos magné-
deve ser avaliado por RM, preferen-
ticos mais altos: aumento da relação cialmente em 3T (figuras 1 e 5).
sinal-ruído (SNR) e da resolução
A avaliação do processo de cica-
temporal e espacial. Desvantagens
trização imaturo versus maduro é,
de campos magnéticos mais altos:
também, insuficientemente carac-
alterações da temperatura por
terizada por ecografia e deve ser
aumento da taxa de absorção espe-
estudado por RM para ajudar na
cífica (SAR) que limita a avaliação
decisão do RTP.
em humanos, maior distorção do
campo e artefactos e ruído acústico.
Há contraindicação para a
realização da RM? Por exemplo,
... o que quer dizer, também, que
se o doente tiver material
a RM é sempre feita da mesma
de osteossíntese de cirurgia
maneira, o que muda é a leitura
ortopédica prévia?
/ interpretação que o radiologista
faz das imagens obtidas ...?
No presente já existem sequências
dedicadas para estudo de regiões
Não. A RM é adaptada ao contexto
anatómicas com material de osteos-
clínico e as sequências realizadas
síntese, com software que reduz os
dependem da região anatómica e
artefactos de suscetibilidade magné-
suspeita clínica. Todos os exames
tica, pelo que já não constitui uma
de imagem são dependentes do
contraindicação para a realização
operador, quer durante a realização
de RM.
técnica, quer na interpretação, sub-
jetiva, pelo radiologista do conjunto
Por vezes há necessidade de usar
de imagens de RM.
contraste. Os doentes devem ir
todos em jejum de 6 horas?
Também tendo em consideração
os custos e a disponibilidade, na
Não. Apenas como medida de pre-
avaliação inicial da lesão muscular
caução para garantir o esvaziamento
aconselha a ecografia ou a RM?
gástrico e evitar bronco-aspiração no
momento da injeção de contraste,
O diagnóstico da lesão muscu-
sobretudo nos doentes com redução
lar poderá ser obtido na maioria
do reflexo do vómito. Jejum de 4-6h.
das vezes pela avaliação clínica
28 março 2019 www.revdesportiva.pt
A RM é bastante mais que um
conjunto de imagens e um
relatório. O importante é o diálogo
posterior entre o médico prescritor
e o médico radiologista. Concorda?
Os médicos devem confiar na his-
tória e no exame clínico do doente.
Combinar o quadro clínico completo
com os achados imagiológicos aju-
dará o médico a orientar o atleta na
recuperação da lesão, prognosticar o
RTP e evitar intervenções cirúrgicas
desnecessárias. O diálogo e a cola-
boração estreita e sistemática entre
o radiologista e o clínico são fun-
damentais para reduzir o tempo do
algoritmo de diagnóstico e alcançar
um diagnóstico mais preciso, para
valorização adequada dos achados
imagiológicos e para que os radiolo-
gistas melhorem as suas habilidades
clínicas e que os clínicos melhorem
o conhecimento das potencialidades
e limitações das técnicas de imagem.
Outro aspeto fundamenta é o pen-
samento crítico acerca dos achados
e diagnósticos imagiológicos e a sua
correlação com a clínica.
... então o radiologista é mais um
médico consultor que faz parte de
um departamento médico de um
clube ou de uma seleção nacional?
Defendo que o radiologista deve ser
um elemento do departamento
médico, preferencialmente como
elemento integrado no departa-
mento (seleção A de futebol da
Argentina ) ou como consultor
externo de radiologia.
O reconhecimento da importância
crescente da integração do radiolo-
gista no departamento médico de
clubes, federações nacionais e enti-
dades desportivas tem tradução no
número de parcerias entre clubes/
entidades desportivas (Manchester
United FC, FC Barcelona, Real Madrid
FC, Internazionale FC, Comité Olím-
pico Internacional) e empresas de
equipamento médico de imagem
Futuramente, perspectiva-se uma
especialização crescente dos radio-
logistas na área da medicina despor-
tiva e também uma maior integra-
ção e colaboração no departamento
médico e técnico dos clubes, com
combinação da experiência clínica e
radiológica em estudos científicos.