Revista de Medicina Desportiva Informa Março 2019 | Page 29
visualização ecográfica contínua e
uso de ferramentas endoscópicas),
tornando-os mais seguros e eficazes.
E se for na suspeita de uma fratura
de stress? A RM é a melhor ajuda?
A TC é uma modalidade de imagem
com múltiplas aplicações musculoes-
queléticas e cada vez mais utilizada.
Inovações tecnológicas recentes
refinaram e ampliaram a utilidade
da TC, salientando-se o desenvolvi-
mento da TC helicoidal, com capa-
cidade de aquisição volumétrica e
melhoria na resolução espacial.
A TC permite excelente avalia-
ção do osso cortical e também do
cálcio, metal, gás e sangue, com
relativa insensibilidade a artefatos
de imagem. Como desvantagens tem
a utilização de radiação ionizante e
a subavaliação dos tecidos moles e
cartilagem.
A avaliação de fraturas ósseas é
a aplicação mais frequente da TC
na área musculoesquelética, desig-
nadamente na caracterização de
fraturas complexas para delineação
da estratégia cirúrgica (figura 3) e na
avaliação do processo de cicatrização
das fraturas e suas complicações. Nas
lesões musculares, a TC tem aplica-
ção limitada, com exceção da ava-
liação de eventual avulsão óssea da
inserção tendinosa e delineação com-
pleta de lesão de miosite ossificante. As fraturas de stress são lesões
frequentemente encontradas na
área da medicina desportiva, repre-
sentando entre 1 e 20% das lesões
desportivas.
Podem ser incapacitantes e resulta-
rem num período prolongado de afas-
tamento do desporto ativo, enquanto
a taxa de recorrência é de 60%,
aspecto que reforça a importância de
se obter um diagnóstico preciso.
A imagiologia tem a capacidade
de confirmar o diagnóstico e de
determinar a gravidade da reação de
stress, o que auxilia na tomada de
decisões adequadas para o processo
de reabilitação.
A RM é a modalidade de escolha
para o diagnóstico de reação de stress
ósseo, pois tem alta especificidade
e sensibilidade e pode detetar mais
precocemente a lesão (figura 4).
Na avaliação desta patologia, as
imagens de RM em T2/densidade
protónica com saturação de gordura
ou em STIR são fundamentais, pela
capacidade de demonstração das
áreas de edema.
Nas fases mais precoces, esta
patologia pode traduzir-se por edema
do periósseo e/ou da medular óssea,
apenas demonstrável por RM, sem
tradução em radiologia convencional
ou TC. As lesões com fratura óssea
são detetáveis por raio X, TC e RM.
Figura 3 - Imagem de TC joelho esquerdo:
esquerda: MPR coronal de fratura com-
pressiva do prato tibial externo; direita:
reconstrução 3D VRT de fratura em
cunha prato tibial externo. Figura 4 - Imagem de RM coronal anca
direita em T2 (figura da esquerda) e T2
FS (figura da direita): reação de stress do
colo do fémur direito.
E noutras, a tomografia
computorizada (TC) dá mais
informação...?
Nos relatórios aparece a menção
a T1 e a T2, supressão de gordura,
administração de contraste. O que
significa?
Uma sequência de RM traduz um
número de pulsos de radiofrequên-
cia e gradientes que resultam num
grupo de imagens com determi-
nadas características. As múlti-
plas sequências de RM podem ser
divididas de acordo com a influência
dominante na aparência dos tecidos.
Há três ponderações básicas em RM:
T1, T2 e densidade protónica (DP):
• As sequências ponderadas em
T1 fazem parte da maioria dos
protocolos de RM para avaliação
do aparelho musculoesquelético
e são encaradas como as imagens
para informação anatómica;
• As sequências ponderadas em
T2 fazem parte de quase todos
os protocolos de RM, onde o
líquido (ex. líquido intra-articular)
tem hipersinal ou sinal elevado
(branco);
As sequências ponderadas em DP
traduzem sequência intermédia que
partilha algumas características de
T1 e T2.
As técnicas de supressão de gor-
dura são importantes na imagiologia
musculoesquelética para localizar
patologia e determinar o grau de
lesão, avaliando a presença e a
quantidade de edema.
As sequências de STIR são insen-
síveis à heterogeneidade do campo
magnético externo e fornecem
supressão superior de gordura.
As sequências de STIR são comu-
mente usadas para avaliar arti-
culações fora do centro do campo
magnético (por exemplo, cotovelo e
punho), na presença de metal e em
regiões anatómicas com múltiplas
interfaces ar-tecido (por exemplo,
plexo braquial, dedos). É particu-
larmente útil para identificar stress
ósseo ou fraturas radiograficamente
ocultas (ex: fratura do colo do esca-
foide) e distingui-las da contusão
óssea precedente. Os agentes de
contraste mais usados na RM são à
base de gadolínio. A artrografia por
RM, com injeção de gadolínio intra-
-articular, é utilizada para melhor
avaliar os estabilizadores dinâmicos
e estáticos das articulações. A ima-
gem de perfusão requer administra-
ção endovenosa de gadolínio.
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