Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2019 | Página 11

intensidade, tendo sido definidas as seguintes categorias de intensi- dade: muito leve (<20% FCR), leve (20-40% FCR), moderada (40-60% FCR), vigorosa (60-85% FCR) e muito vigorosa (>85% FCR). Posteriormente também foi calculado o erro relativo (ER) para cada dispositivo em cada categoria de intensidade [(medida da FC no ECG - medida da FC no dispo- sitivo) *100/ medida da FC no ECG]. A análise estatística compreendeu o cálculo das médias e dos desvios- -padrão, bem como o ER para cada intensidade e para cada dispositivo e os valores correspondentes no ECG. Foram utilizados testes de equiva- lência para avaliar as diferenças entre a FC medida no ECG e nos diferentes dispositivos em estudo. Comparando as FC entre o ECG e o Apple Watch verificou-se equivalên- cia apenas em duas categorias, no grupo geral (masculino e feminino) para intensidades muito leves e no masculino para intensidades muito vigorosas. Para o mesmo dispositivo, a maioria dos erros relativos foram infe- riores a 5%, exceto com a intensidade moderada no grupo geral (5.13%), intensidade moderada (5.17%) e muito vigorosa (5.73%) para o masculino, e intensidade moderada (5.09%) e vigo- rosa (5.13%) no feminino. No que diz respeito ao FitBit Charge HR 2, os testes de equivalência mostraram resultados equivalentes entre as FC do dispositivo e as do ECG apenas na intensidade muito leve para o grupo geral e feminino. O ER das FC do dispositivo foi superior a 5% na grande maioria das catego- rias, exceto em intensidade muito leve no grupo geral e feminino, e intensidade leve no grupo feminino. Os autores analisaram a concor- dância dos valores de FC entre os dois dispositivos e o ECG através da análise de diagramas de dispersão dos dados obtidos, que mostraram uma concordância alta para a inten- sidade muito leve (>0,90). Contudo, a concordância diminui à medida que a intensidade aumenta, com maior desvio dos valores a partir da inten- sidade moderada. O Apple Watch mostrou maior concordância com os valores obtidos no ECG em todos os grupos e para todas as intensidades. Ambos os dispositivos subestima- ram a FC em todas as intensidades de exercício, com exceção para a intensidade muito leve. Este estudo procurou avaliar a qualidade da medição da FC do Apple Watch e do FitBit Charge HR 2. Como referido anteriormente, o desajuste na avaliação das FC em ambos os dispositivos, à medida que a inten- sidade do exercício físico aumenta, torna-os pouco eficazes para a avaliação segura e concreta da intensidade do exercício praticado. Do ponto de vista prático, e para segurança cardiovascular, sendo os valores sempre subestimados, os desportistas devem acrescentar virtualmente um valor que poderá ser de até 17 no Apple Watch e de 30 unidades no do FitBit Charge HR 2. Existem algumas limitações a este estudo, nomeadamente a pequena amostra estudada que não fornece robustez na análise estatística para poder generalizar os resultados obtidos. Ainda, a seleção feita dos participantes impede que um grande número, e talvez até mesmo a maio- ria dos utilizadores dos dispositivos em estudo, não estejam representa- dos, nomeadamente porque podem já possuir patologia crónica muito prevalente e praticar atividades dis- tintas, muitas ao ar livre, parâmetros estes não considerados no estudo. Neste capítulo e visando uma aplicação para a melhoria da Saúde de todos, otimizando a prescrição do exercício físico, parece-me fulcral complementar este estudo com novas investigações, cuja amostra estudada partilhe destas caracte- rísticas mais comuns na população e que mais poderiam beneficiar de uma prática de exercício físico regu- lar e estruturada. ENSINO PRESENCIAL OU À DISTÂNCIA CANDIDATE-SE JÁ até 16 de agosto MEDICINA DESPORTIVA REABILITAÇÃO EM MEDICINA DO EXERCÍCIO E DESPORTO Thomson EA, Nuss K, Comstock A et al. Heart rate measures from the Apple Watch, Fitbit Charge HR 2, and electrocardiogram across different exercise intensities. J Sports Sci. 2019 Jan 18:1-9. 1 Interno de Medicina Geral e Familiar na USF Águeda + Saúde; Mestre em Medi- cina pela Universidade Nova de Lisboa. Aluno de Pós-Graduação de Medicina Desportiva da FMUP. 2 MAIS INFORMAÇÕES medicinadesportiva.med.up.pt geriatria.med.up.pt [email protected] 220 426 922 Revista de Medicina Desportiva informa maio 2019 · 9