Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2019 | Page 6
Finalmente! Finalmente a Food
and Drug Administration (FDA) vai
reformar a legislação sobre os
suplementos dietéticos. Esta
iniciativa surge devido a preocu-
pações sobre a segurança do seu
consumo, já que poderão estar a
ser comercializados produtos
perigosos, adulterados ou mal
rotulados com consequências
negativas para a saúde. Trata-se
também de um tema muito rentável,
que vale 4 biliões de dólares /ano e
onde 3 em cada 4 americanos os
consomem (nas crianças 1 em 3 e
nos mais idosos 4 em 5). Há 25 anos
havia cerca de 4 mil produtos e agora
calcula-se que sejam cerca de “50
mil, ou talvez 80 mil ou mais”(!).É
uma reforma que faz sentido após a
publicação há 25 anos da Dietary
Supplement Health and Education Act
(DSHEA). Pretende-se, também,
encontrar vias para rapidamente
informar os consumidores acerca
dos potenciais efeitos nefastos dos
ingredientes incluídos nos suple-
mentos, trabalhar em conjunto com
a indústria e manter um diálogo com
o público para obtenção do feedback
em relação ao consumo. O Comissá-
rio da FDA, e médico, o Dr. Scott
Gottlieb, refere que poderá haver
produtores que distribuam e vendam
produtos que ponham em risco a
saúde do consumidor. No entretanto,
refere que ele próprio foi um consu-
midor e beneficiou dos efeitos dos
suplementos, mas que fazendo
“escolhas saudáveis na dieta pode ter
um impacto significativo na saúde”.
São boas notícias, aguardemos por
esta reforma do DSHEA. Entretanto,
a notícia pode ser lida em https://
www.fda.gov/NewsEvents/News-
room/PressAnnouncements/
ucm631065.htm.
Fazer exercício faz crescer o cérebro!
É a conclusão de um trabalho publi-
cado no Neurology (26/2/19) onde
132 pessoas (20-70 anos de idade)
realizaram ou exercício aeróbio
(GAe) ou exercícios de alongamento
4 maio 2019 www.revdesportiva.pt
(GAlong), supervisionados por
treinadores. Foi estudada a evolu-
ção aeróbia, vários testes de função
cerebral (função executiva, memória
episódica, linguagem, etc.), e feita
a medição da espessura da cortical
cerebral (RMN-T1, 3T). O GAe iniciou
os exercícios aeróbios a 55-65% da
frequência cardíaca máxima e ter-
minaram nas últimas semanas com
75% (controlo com Polar®). O GAlong
realizou alongamentos e exercícios
para o core. Após 24 semanas, o GAe
melhorou o VO 2 max e o IMC, mas
não no GAlong, assim como a função
executiva (FE), aspeto que os auto-
res deram mais realce. Contudo, os
autores põem a possibilidade de este
aumento ocorrer naqueles que têm
diminuição da FE relacionada com
a idade, mais do que melhorar nos
que não têm declínio, já que houve
interação com a idade. Por outro
lado, não constataram melhorias em
outras funções cognitivas. A RMN
revelou um dado muito curioso:
“aumento significativo da espessura
do córtex frontal esquerdo e sem
interação com a idade”. Terminam
concluindo que o “exercício aeróbio
contribui para a saúde cerebral em
sujeitos tão novos quanto 20 anos de
idade”. https://n.neurology.org/con-
tent/92/9/e905
O Centro de Cardiologia Desportiva
da Universidade de Washington, em
colaboração com o Colégio Australo-
-Asiático de Médicos do Desporto
e do Exercício, com a American
Medical Society for Sports Medicine
e o Sport Science Institute, criou o
e-curso ECG interpretation in Athletes.
É um curso gratuito online que for-
nece informação muito importante
e treino para os médicos que cuidam
dos atletas e é constituído por seis
módulos: 1. Interpretação básica
nos atletas; 2. Alterações fisiológicas
(normais) em atletas; 3. Alterações
nas miocardiopatias (hipertró-
fica, arritmogénica do ventrículo
direito, dilatada, não compactarão
ventricular esquerda); 4. Altera-
ções na doença elétrica primária
(síndrome QT longo, padrão de Bru-
gada tipo 1, WPW, bloqueios auricu-
loventriculares); 5. Desafios e arma-
dilhas na interpretação do ECG;
6. Interpretação avançada do ECG
(reconhecer achados menos comuns,
mas fisiológicos, relacionados com a
adaptação cardíaca em atletas, iden-
tificar alterações borderline e perce-
ber quando prosseguir na investiga-
ção adicional, identificar alterações
que obrigam a estudo adicional para
confirmar ou excluir doença car-
díaca). Cada módulo tem a duração
de cerca de 1 hora e após o qual há
lugar à realização de um teste. Inte-
ressante e pode ser visto em: https://
uwsportscardiology.org/e-academy/.
O tema da concussão cerebral (CC)
deve ser o tema que mais discussão
tem provocado nos últimos tempos,
pois “é uma lesão comum no des-
porto organizado e no de recrea-
ção”. Já não é um tema recente e
“nos últimos 30 anos houve evolu-
ção significativa na compreensão
científica da CC, que por sua vez
levou ao desenvolvimento de dire-
trizes clínicas para o diagnóstico,
tratamento e atuação na CC”. São
várias as sociedades e associações
médicas internacionais que pro-
movem no seu interior o estudo e
a discussão deste assunto e depois
publicitam as suas conclusões
produzindo os Position Statment.
Em 31 janeiro de 2019 foi a ACSSM,
para substituir as publicadas em
2013, cujo acesso se pode fazer
através do BJSM, e logo a seguir
surgiu a posição de princípio vinda
da Austrália (Australian Institute of
Sport, Australian Medical Associa-
tion, Sports Medicine Australia), a
qual pode ser consulta em https://
concussioninsport.gov.au/__data/
assets/pdf_file/0005/683501/
February_2019_-_Concussion_Posi-
tion_Statement_AC.pdf. São pouco
mais de 20 páginas, com texto,
quadros e organigramas, assim
como links para outros conteúdos
sobre CC, que vale a pena olhar com
profundidade e interesse.