Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2019 | Page 16

Rev. Medicina Desportiva informa, 2019; 10(3):14-15. https://doi.org/10.23911/Res_JAMA_2019_5 Dr. Basil Ribeiro Medicina Desportiva, V N Gaia Justin Yang, Costas A. Christophi, Andrea Farioli, et al. Association Between Push-up Exercise Capacity and Future Cardiovascular Events Among Active Adult Men. JAMA Netw Open. 2019; 2(2):e188341. Os autores deste texto quiseram saber se existe uma avaliação objetiva que possa ser usada no consultório e que encontre uma relação entre aptidão física e o risco de doença cardiovascular (CV). Este estudo longitudi- nal envolveu bombeiros, sexo masculino, com 18 ou mais anos de idade (39,6±9,2 anos), IMC = 28,7±4,3 kg.m -2 e que realizaram avaliações clínicas periódicas. Estas incluíam também a contagem do número de flexões de braços (push- -ups) e de testes de tolerância ao esforço. O período de seguimento foi de 10 anos e os participantes foram estratificados em 5 grupos de acordo com o número de “flexões”. Neste período houve 37 eventos CV. A aná- lise estatística verificou a existência de associação negativa significativa entre o aumento da capacidade para as “flexões de braços” e estes eventos CV. Verificaram que quem comple- tava mais de 40 “flexões” tinha risco significativamente menor de evento CV em relação aqueles que apenas completavam menos de 10 “flexões” (IRR, 0.04; 95% CI, 0.01-0.36). Os auto- res referem que como ponto forte deste estudo foi a utilização de um teste objetivo de avaliação funcional, apesar de ser influenciado pela téc- nica e prática, ultrapassáveis pelo uso correto do protocolo. Como pontos fracos indicam que os resultados não apoiam a capacidade para as “flexões” serem um preditor independente de evento CV e de o estudo ter sido realizado em pessoas de meia-idade, fisicamente ativas. 14 maio 2019 www.revdesportiva.pt Stefano Balducci, Valeria D’Errico, Jonida Haxhi,et al. Effect of a Behavioral Intervention Strategy on Sustained Change in Physical Activity and Sedentary Behavior in Patients with Type 2 Diabetes. The IDES_2 Randomized Clinical Trial. JAMA. 2019;321(9):880-890. Na introdução os autores referem que a American Diabetes Association reco- menda que os doentes com diabetes tipo II (DMII) devem realizar regular- mente atividade física de intensidade moderada a intensa, assim como encoraja a substituir o máximo possível o tempo de sedentarismo por atividade física ligeira, assim como interromper os períodos prolongados de permanência sentado, substi- tuindo-os também por atividade física ligeira, explicando-se que estes momentos fornecessem benefícios metabólicos independentes uns dos outros e do tempo em atividade física. O objetivo do estudo consistiu em ave- riguar se uma intervenção comporta- mental poderia causar aumento sustentado de atividade física e redução no tempo de sedentarismo nos doentes com DMII. Decorreu em 3 clínicas de Roma, entre out2012 e fev2014 e follow-up em fev2017. Participaram 300 doentes (61.6±8.5 anos de idade), fisicamente inativos e sedentários. Os participantes no grupo de intervenção (n=150) receberam uma sessão teórica e 8 sessões individuais, teóricas e práticas, em cada ano. Após análise dos resultados, os autores concluíram que após 3 anos a intervenção comportamental, comparada com o tratamento tradi- cional, resultou em aumento da atividade física e diminuição do tempo de sedentarismo. Também a aptidão cardiorrespiratória e a força dos membros inferiores aumentaram, ao passo que no outro grupo tais parâme- tros diminuíram. O número de eventos adversos foi menor no grupo de intervenção (n=41) em relação ao outro grupo (n=59). Laura F. DeFina, Nina B. Radford, Carolyn E. Barlow et al. Association of All-Cause and Cardiovascular Mortality with High Levels of Physical Activity and Concurrent Coronary Artery Calcification. JAMA Cardiol. 2019;4(2):174-181. Os autores quiseram responder uma pertinente questão: “A presença de níveis elevados de calcificação nas artérias coronárias (CAC) no contexto de níveis elevados de atividade física (AF), como por exemplo o praticado pelos maratonistas veteranos, está associado a aumento da mortali- dade?” O estudo prospetivo observa- cional (The Cooper Center Longitudinal Study) incluiu 21758 homens sau- dáveis, 51.7±8.4 anos de idade, sem doença cardiovascular (DCV), sujeitos a scanning do CAC, com vários níveis de AF, observados de jan-1998 a dez- 2013, com seguimento da mortalidade até dez-2014. Três níveis de AF foram definidos: pelo menos 3000 (n = 1561), 1500 a 2999 (n=3750), e menos que 1500 (n = 16447) equivalentes meta- bólicos da tarefa (MET)-minutos/ semana (min/sem), assim como os scores de CAC em 2 categorias: pelo menos 100 (n=5314) e menos de 100 (n =16444) unidades Agatston (UA). Os homens com pelo menos 3000 Met-min/sem tinham maior probabi- lidade de CAC de pelo menos 100AU em relação aos menos ativos e no período de follow-up houve “apenas” 10 mortes por DCV (total = 180) e 40 por todas as causas (total = 759), bas- tante menos que no grupo dos menos ativos. Conclusão: o estudo sugere que níveis elevados de AF estão asso- ciados a CAC prevalente, mas que não está associado a aumento de mortali- dade por todas as causas ou por DCV após uma década de seguimento, isto é, têm mais cálcio nas artérias coro- nárias, mas não têm mais mortali- dade! O exercício protege.