Revista de Medicina Desportiva Informa Maio 2013 | Page 14
transporte de oxigénio no sangue;
a atrofia muscular e diminuição da
força muscular parecem estar associadas a extração deficiente de oxigénio pelos músculos exercitados e o
baixo fluxo sanguíneo para os músculos a exercitar, resultando num
elevado conteúdo venoso misto; a
deformidade articular conduz a eficácia mecânica inferior resultando
num elevado custo metabólico na
execução de atividades submáximas.13 Apesar de todos os fatores
abordados, o descondicionamento
devido à inatividade física tem sido
apontado na literatura como o fator
mais preponderante na diminuição
da capacidade aeróbia.6-8
Na AIJ observa-se também a diminuição da capacidade anaeróbia.
Muitos estudos têm sugerido que a
atrofia e fraqueza musculares são
achados clínicos comuns que ocorrem precocemente, mas de forma
cumulativa na doença e que são
muitas vezes generalizados a grupos
musculares distantes da articulação
afetada/inflamada.14-16
Riscos da prática do exercício físico
Vários estudos têm mostrado que
a prática de exercício físico nas
crianças e adolescentes com AIJ
é segura e alguns deles incluem
mesmo a prática de atividades
vigorosas.17 Mesmo nos períodos de
doença ativa, estudos em adultos
têm indicado que o exercício físico,
desde que prescrito de forma adaptada a cada doente, pode ser seguro
e eficaz.18 No entanto, na prescrição
de exercício físico para estes doentes
existem algumas precauções que
devem ser conhecidas e tidas em
consideração.
A atrofia muscular nas articulações ativas e a osteopenia periarticular podem aumentar o risco
de fratura. As crianças com artrite
da coluna cervical estão sujeitos a
risco aumentado de lesão medular,
principalmente durante a prática
de desportos de contacto, assim
como aquelas com patologia da
articulação temporo-mandibular
estão em risco acrescido de sofrer
lesões odontológicas. As complicações da AIJ, tais como uveítes
e suas sequelas (diminuição da
acuidade visual) podem limitar a
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prática de determinados desportos.
A miocardite e pericardite na artrite
sistémica e insuficiência aórtica
ou anomalias da artéria aórtica
na espondilartropatia HLA-B27+
podem aumentar o risco de complicações cardiovasculares durante o
exercício. Na tabela 1 encontramos
algumas das contraindicações à prática de exercício físico em crianças
e adolescentes com doença reumatológica.19
Tabela 1 – Contraindicações à prática de
exercício físico em crianças e adolescentes com doença reumatológica pediátrica
1 – Febre
2 – Anemia
3 – Insuficiência renal aguda
4 – Cardite, serosites e resposta isquémica
na prova de esforço*
5 – Arritmias e hipertensão arterial não
controladas
6 – Desnutrição grave com perda maior
que 35% do peso corporal
Adaptado de (Gualano B, Pinto A, Perondi
M, Roschel H, Sallum A, et al. Efeitos
terapêuticos do treinamento físico em
pacientes com doenças reumatológicas
pediátricas. Bras Reumatol 2011;51:484-96)
NOTA: Em caso de deformidades articulares, artrite ou miosite aguda, os exercícios
devem ser adaptados de modo a poupar a
articulação e o grupo muscular afetados.
*É permitido exercício cuja intensidade
seja 10% abaixo do limiar de isquemia.
Prescrição do exercício físico
Pelo exposto, a prescrição do exercício de forma clara e adequada
a cada doente é uma ferramenta
terapêutica importante na AIJ