Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2018 | Page 12

descritos casos de falência por pull-out. 6 A opção por endobutton demonstrou recentemente um ele- vado grau de fiabilidade, inclusiva- mente superior às técnicas anterior- mente descritas. 9,10 Na literatura é possível verificar que a maioria das falências não está associada primor- dialmente ao tipo de fixação usada, mas sim associada ao pistonning precoce da inserção do tendão após o tratamento cirúrgico, sendo que a falência da fixação após o período perioperatorio é incomum. 9,10 A complicação cirúrgica mais docu- mentada é a parestesia do nervo antebraquial cutâneo lateral 6,7 que resulta geralmente do uso agressivo de retratores cirúrgicos. Poderá ocor- rer também fratura do colo da tací- cula caso a inserção realizada tenha sido demasiado proximal. 6 Outras complicações incluem neuropraxia sensorial e motora do nervo radial 6,9 , infeção 6,9 , sinostose e ossificação heterotópica. 6,7,9 Relativamente ao período de reabilitação, as correntes atuais apontam para um retorno precoce da mobilidade articular: realização de imobilização com tala gessada braquipalmar durante duas sema- nas, data na qual se prevê que exista cicatrização da ferida cirúrgica e redução do edema 6 , durante a 2ª e 3ª semanas deverá ser iniciada a flexão-extensão passiva e ativa assistida progressiva do cotovelo 6 (limite de 30° de extensão durante 6-8 semanas). 8 A partir da 8ª semana deverá haver passagem gradual a atividades mais intensas e só entre o 3º e 5º mês poderá retornar a atividades realmente pesadas (de acordo com o desenvolvimento da situação no paciente). 6 É sensato referir que o diagnóstico do consumo de EAA nem sempre é fácil, exigindo suspeição clínica. É importante que o médico esteja atento aos sinais de alarme que podem indiciar a utilização de este- roides 1,5 , nomeadamente: hipertro- fia muscular com ganho ponderal, alteração do comportamento, acne, sinais de feminização no homem e virilização nas mulheres, aumento da pressão arterial inexplicada e alterações analíticas. 1,5 As consultas de vigilância podem ser aproveitadas para uma exploração cautelosa da lista completa de medicação, pro- dutos de venda livre e suplementos nutricionais que os doentes possam estar a tomar e, por fim, educá-los sobre os riscos envolvidos, realçando a importância da boa nutrição e prá- ticas de exercício físico sem recurso ao consumo de EAA. 1 Conclusões A avulsão (ou rotura) do tendão bicipital distal ocorre na presença de uma força de extensão inespe- rada aplicada contra o músculo em contração, através de um tendão enfraquecido pela degeneração (por hipovascularização, fenómenos de impingement local e/ou uso medica- mentoso continuado) ou por trau- matismo violento com membro em flexão. A história clínica e o exame físico são geralmente suficientes para fazer um correto diagnóstico clínico. Figura 5 – Radiografia de controlo no pós-operatória imediato 10 julho 2018 www.revdesportiva.pt A reparação cirúrgica precoce é defendida como essencial para o retorno sem défices e queixas álgicas às atividades de vida diária, estando associada a um elevado grau de sucesso terapêutico a curto, médio e longo prazo. Por fim, o abuso de EAA e outros suplementos ergogénicos é também uma realidade preocupante. Dada à atual facilidade da sua obtenção, à publicidade enganosa e à falta de informação sobre os seus efeitos adversos, o seu consumo é cada vez mais frequente. Desta forma, é importante que os profissionais de saúde estejam sensibilizados para este problema e reconheçam rapida- mente os principais indicadores de abuso. Bibliografia 1. Rocha, M.; Aguiar, F.; Ramos, H. O uso de esteroides androgénicos anabolizantes e outros suplementos ergogénicos – uma epidemia silen- ciosa. Rev Port Endocrinol Diabetes Metab, 2014; 9(2):98-10. 2. Hartgens, F.; Kuipers, H. Effects of Androge- nic-Anabolic Steroids in Athletes. Sports Med, 2004; 34(8):513-554. 3. Achar, S.; Rostamian, A.; Narayan, SM. Car- diac and Metabolic Effects of Anabolic-Andro- genic Steroid Abuse on Lipids, Blood Pressure, Left Ventricular Dimensions, and Rhythm. Am J Cardiol, 2010; 106(6):893-901. 4. Autoridade Antidopagem de Portugal. Luta contra Dopagem no Desporto – Dados Estatísticos de 2014. Disponível em: http:// www.adop.pt 5. Casavant, Marcel J. et al. Consequences of Use of Anabolic Androgenic Steroids. Pediatr Clin N Am, 2007; 54:677-690. 6. Sutton, K.M. et al. Surgical Treatment of Distal Biceps Rupture. J Am Acad Orthop Surg, 2010; 18:139-148. 7. Ward, J.P.; et al. Ruptures of the Distal Biceps Tendon. Bulletin of the Hospital for Joint Disea- ses, 2014; 72(1):110-9. 8. Ramsey, M.L. Distal Biceps Tendon Injuries: Diagnosis and Management. J Am Acad Orthop Surg, 1999; 7:199-207. 9. Ryan, M.; Florian, E.; Peter, J. Distal Biceps Tendon Injuries: Current Concept Reviews. J Bone Joint Surg Am, 2010; 92:2128-2138 10. King, J ; Bollier, M. Repair of Distal Biceps Tendon Ruptures Using the EndoButton. J Am Acad Orthop Surg, 2008; 16:490-494.