Revista de Medicina Desportiva Informa Julho 2013 | Page 17

Clínica
No episódio agudo os doentes referem frequentemente um estalido e dor retromaleolar externa . Ao exame físico é aparente uma tumefação sobre o maléolo externo , acompanhado de hematoma ou equimose e dor à palpação .
Em casos recidivantes a dor é comum e associada a processos inflamatórios crónicos do tendão ou da bainha tendinosa e pode ser exacerbada por manobras de dorsiflexão ativa e eversão do tornozelo ou por circundução ativa do pé . A observação atenta da marcha do doente poderá revelar a luxação espontânea dos tendões .
Imagiologia
O diagnóstico é essencialmente clínico , mas o uso de ferramentas imagiológicas permite fazer o diagnóstico diferencial com outras patologias musculoesqueléticas .
A radiografia simples do tornozelo em 3 planos ( face , perfil e em 15 º de rotação interna , ou incidência de mortalha ) permite identificar alterações ao nível da articulação tibiofibular distal , tibiotalar e fibulotalar . Em 10 a 15 % dos casos observa-se o fleck sign , correspondente a uma avulsão cortical da ponta inferior do maléolo lateral e sinal patognomónico de luxação dos peroniais 8 .
A ecografia dinâmica de alta definição é um exame disponível na maioria dos centros , acessível , que permite evidenciar lesões do retináculo e alterações da posição dos tendões , mas que tem uma curva de aprendizagem elevada e é dependente do técnico .
A ressonância magnética é um exame mais sensível , embora mais dispendioso , e que permite obter imagens detalhadas da anatomia da região e caraterização de processos inflamatórios e derrames associados .
Tratamento
O tratamento ortopédico com bota gessada e marcha em descarga durante 6 semanas está indicado para casos agudos em indivíduos sedentários . Contudo , a taxa de sucesso é inferior a 50 % e o risco de recidiva é elevado 9 – 10 . Em caso de falência do tratamento conservador , nos casos de luxação recidivante e em casos agudos em indivíduos ativos , impõe-se o tratamento cirúrgico .
Através de uma abordagem retromaleolar pode-se analisar a patência do retináculo , inspecionar eventuais roturas tendinosas e pesquisar tendões acessórios . Há várias técnicas cirúrgicas que se podem agrupar em 4 categorias :
1 . Reparação do retináculo Nos casos em que é aparente uma qualidade aceitável do retináculo fibular superior , este deve ser reparado com fixação através de pontos transósseos à porção posterior do maléolo . A bolsa de descolamento deve ser obliterada e o remanescente de tecido utilizado para reforço do retináculo de acordo com técnica proposta por Das De em 1985 11 . Uma revisão de 22 doentes revelou bons resultados funcionais a longo prazo e ausência de recidiva 12 .
2 . Reconstrução do retináculo Na ausência de viabilidade do remanescente do retináculo fibular superior está indicada a sua reconstrução . Este procedimento pode ser efetuado com retalho perióstico da fíbula distal , com tenoplastias várias ( fibular quarto , fibular curto , tendão de Aquiles ou de pes anserinus ). Embora os resultados apresentados sejam favoráveis , há um risco elevado de lesão iatrogénica e alteração da anatomia regional . Em 2000 , Jennings e Sefton apresentaram a sua casuística de 16 doentes submetidos a reconstrução do retináculo fibular superior utilizando uma banda de poliéster 13 . Segundo os autores , este método possibilita uma reconstrução eficaz , sem alteração significativa da anatomia e com bons resultados funcionais .
3 . Aprofundamento do sulco Em indivíduos com alterações da morfologia do pavimento do sulco retromaleolar , este pode ser aprofundado , recorrendo a elevação de um flap perióstico , seguida de curetagem do osso esponjoso do
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