Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2020 | Page 7
sem supervisão?” Se a resposta for
sim, o médico poderá aconselhar
exercícios estandardizados de ativi-
dade aeróbia moderada-intensa,
3x/semana, durante 30 minutos ou
atividade de resistência 20-30 min
2x/semana (exemplo de formulá-
rio disponível online). Se o médico
achar que a prática de exercício não
supervisionada não é segura ou se
for incapaz de responder à terceira
questão, o paciente deverá ser refe-
renciado a um profissional de saúde
que possa proceder à avaliação e
referenciação adequadas. Neste
sentido, é importante clarificar que
não é expectável que o médico for-
neça uma prescrição específica de
exercícios (por exemplo, recomen-
dações sobre uso de aparelhos para
a prática de exercício). O seu papel é
sim, crucial, no sentido de fazer per-
ceber ao paciente que a prática de
exercício é fundamental e no sentido
de o encaminhar de forma adequada
para que tal possa acontecer.
O paciente pode, então, ser refe-
renciado a programas de exercício
supervisionados por profissionais de
saúde ou a programas de base comu-
nitária ou individual, devendo esta
seleção ser feita com base na com-
plexidade da sua condição médica
e da capacidade do paciente na sua
gestão. Acresce ainda que, para tal,
os médicos devem conhecer os pro-
gramas de exercício com supervisão
por profissionais de saúde ou de base
comunitária que possam ser fonte
de educação, suporte e supervisão ao
exercício recomendado.
A realidade em Portugal: que
dificuldades?
A prática de exercício pelos pacien-
tes com e sobreviventes de cancro
requer muito mais do que a atuação
do médico. Requer a criação de leis,
programas e iniciativas que facilitem
o funcionamento de programas de
exercício supervisionados por
profissionais de saúde ou programas
de base comunitária; requer a imple-
mentação de estudos científicos no
sentido da melhoria contínua;
requer que os profissionais envolvi-
dos recebam formação adequada
para as funções que desempenham
e requer que os pacientes possam
ter uma voz ativa no seu tratamento.
Portugal está consciente da neces-
sidade da prática de exercício na
população geral, o que pode ser con-
firmado pelo lançamento, em 2016,
do “Programa Nacional para a Pro-
moção da Atividade Física” (PNPAF)
e pela implementação da iniciativa
EIM, também em 2016, e que cul-
minou no primeiro simpósio EIM
Portugal em 2017. No entanto, a
prática de exercício especificamente
dirigida aos pacientes com e sobre-
viventes de cancro atravessa ainda
algumas dificuldades. Os médicos
focam-se mais no tratamento e cura
do cancro do que na abordagem das
comorbilidades associadas, como a
qualidade de vida e a funcionalidade
– este é um dos aspetos a melhorar.
Além disso, à exceção dos programas
integrados em estudos, como é o caso
do projeto “MAMA_MOVE”, promo-
vido pela Universidade da Beira Inte-
rior e que visou avaliar os efeitos do
treino combinado na aptidão física
e na qualidade de vida em sobrevi-
ventes de cancro da mama, exis-
tem muito poucos programas que
possam dar resposta à referenciação
para programas supervisionados por
profissionais de saúde.
Quanto aos programas de base
comunitária, apresenta-se, a título
de exemplo, o projeto +desPORTO,
que disponibiliza online (https://
acesportoocidental.org/pt/mais-des-
porto) a oferta de atividade física
nas várias freguesias do concelho
do Porto. Mais uma vez, este recurso
é dirigido à população em geral e
não especificamente à população
oncológica além de apenas existir na
zona do Porto. Portanto, antevêem-se
algumas dificuldades aos progressos
na prescrição de exercício físico
aos doentes oncológicos em Portu-
gal. Não obstante, este comentário
pretende ser um alerta para que
todos os médicos possam incluir o
exercício físico como um tema a ser
abordado com os pacientes com e
sobreviventes de cancro.
Revista Factores de Risco. 2017; (44);118-120.
ENSINO
PRESENCIAL
OU À DISTÂNCIA
Licenciados em medicina,
enfermagem, cardiopneumologia
e estudantes de medicina do
ciclo clínico [4º, 5º e 6º ano]
CANDIDATE-SE JÁ
até 7 de fevereiro
Texto completo no site da Revista
Bibliografia
1. Schmitz KH, Campbell AM, Stuiver MM, Pinto
BM, Schwartz AL, Morris S, et al. Exercise Is
Medicine in Oncology: Engaging Clinicians to Help
Patients Move Through Cancer. CA: A Cancer
Journal for Clinicians. 2019; (69):468-484.
2. Sardinha LB. Exercise is Medicine em Portugal.
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