Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2019 | Page 16
maior que a causada pelos cancros
(exceto o pulmonar), é comparável
ou superior em relação a outras
doenças: artrite reumatoide, asma,
doença cardíaca relacionada com
a hipertensão arterial”. Assustador,
sem dúvida.
Depois há o custo financeiro que,
embora o doente e familiar não se
apercebam, é muito elevado. A con-
tabilização para o ano de 2011, em
Portugal, refere que, por exemplo,
o custo de uma fratura da anca, no
primeiro ano após a fratura, foi de
13434.00€ e no segundo ano foi de
5985.00€, totalizando-se os gastos
em 216 milhões de euros. Já para
a União Europeia, e para o ano
de 2010, estima-se o gasto de 37
biliões de euros com a osteoporose,
os quais foram gastos no trata-
mento relacionado com as fraturas
(66%), na prevenção farmacológica
(5%) e 29% nos cuidados a longo
prazo. Aqui ao lado, em Espanha, e
também para o ano de 2010, refere-
-se o custo das fraturas prévias ou
novas é cerca de 2842 milhões de
euros / ano e estima-se que para o
ano de 2050 aumente em 30% para
3,68 biliões.
Bibliografia
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(EFPIA). Arch Osteoporos 2013; 8:136.
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compendium of country-specific reports. Arch
Osteoporos 2013; 8:136.
14 janeiro 2019 www.revdesportiva.pt
extrema importância implementar
medidas preventivas de osteopo-
rose neste grupo etário. Os fatores
determinantes para a aquisição de
massa óssea estão representados no
Quadro 1.
Dra. Carla Laranjeira.
Pediatria.
Quadro 1. Fatores determinantes
para aquisição de massa óssea
Não modificáveis
Otimização da saúde óssea –
medidas preventivas em idade
pediátrica
A osteoporose é caracterizada pela
redução da massa óssea (MO) e
pela deterioração da microarqui-
tectura, resultando no aumento da
fragilidade óssea e risco de fraturas.
Esta patologia não se limita à idade
adulta, podendo ocorrer em crianças
e adolescentes, em particular na
presença de doenças sistémicas, tais
como leucemias, doenças infla-
matórias crónicas, e terapêuticas
com corticosteroides sistémicos,
hipogonadismo ou desnutrição
(osteoporose secundária). A osteopo-
rose primária é uma condição rara,
sendo a sua causa mais frequente a
osteogénese imperfeita (incidência
de 1:25 000).
A deposição mineral óssea começa
durante a gravidez e cerca de dois
terços desta deposição ocorre
durante o terceiro trimestre. O
conteúdo mineral ósseo aumenta
40 vezes desde o nascimento até
a idade adulta e o pico de MO é
alcançado no final da segunda
década de vida, embora ainda possa
haver alguma deposição na terceira
década. Aproximadamente 40% a
60% da MO do indivíduo adulto é
adquirida durante a adolescência,
sendo que aos 18 anos, aproxima-
damente 90% do pico de MO foi
atingido.
A infância e adolescência consti-
tuem, portanto, períodos críticos de
mineralização esquelética e qual-
quer condição que interfira negati-
vamente no pico de MO aumenta o
risco de osteoporose e de fraturas na
idade adulta. De facto, as evidências
mostram que a MO atingida nas
duas primeiras décadas de vida são
o determinante modificável mais
importante da saúde óssea ao longo
da idade adulta. Ou seja, o patri-
mónio ósseo é adquirido e otimi-
zado em idade pediátrica, sendo de
Genética
Género
Etnia
Modificáveis
Nutrição
Cálcio
Vitamina D
Sódio
Proteína
Refrigerantes
Exercício físico e estilo de vida
Peso e composição corporal
Estado hormonal
Os fatores genéticos são res-
ponsáveis por aproximadamente
70% das variações da MO, embora
nenhum gene específico tenha sido
identificado. Os homens têm maior
densidade mineral óssea do que as
mulheres e os indivíduos de raça
negra têm maior MO do que os cau-
casianos.
Com maior detalhe iremos abor-
dar os fatores modificáveis mais
determinantes na aquisição e manu-
tenção da MO em idade pediátrica.
Cálcio
O cálcio é fundamental na minera-
lização óssea e a ingestão dietética
de cálcio durante a infância e a
adolescência é um fator determi-
nante para essa aquisição. Muitos
estudos comprovam a relação entre
densidade mineral óssea na idade
adulta e a ingestão de cálcio durante
a infância e adolescência. Aproxi-
madamente 99% do cálcio corporal
total encontra-se no esqueleto e o
cálcio é absorvido por transporte
passivo e ativo, sendo este último
mediado pela vitamina D. Na ausên-
cia de vitamina D, apenas 10-15% do
cálcio da dieta é absorvido. O quadro
2 representa as necessidades de
ingestão dietética de cálcio em idade
pediátrica.