Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2019 | Page 17
Quadro 2.
Idade
Recomendações de
ingestão dietética de
cálcio (mg/dia)
0 – 6 meses 200*
6 – 12 meses 260*
1 – 3 anos 700
4 – 8 anos 1,000
9 – 13 anos 1,300
14 – 18 anos 1,300
14 – 18 anos,
gravida/lactante 1,300
* Ingestão adequada Institute of Medicine, 2010
O leite e seus derivados consti-
tuem a principal fonte de cálcio da
dieta, correspondendo a cerca de
70-80% das necessidades em cálcio
em idade pediátrica. Cada porção de
240ml de leite fornece aproximada-
mente 300mg de cálcio e o teor de
cálcio do leite com baixo teor de gor-
dura é semelhante ao do leite inteiro.
Dois iogurtes ou 40gr de queijo (apro-
ximadamente duas fatias) fornecem
igualmente 300mg de cálcio.
Outras fontes alimentares de cálcio
incluem vegetais de folha verde, fru-
tos secos, sementes, cereais e sumos
industrialmente fortificados. A biodis-
ponibilidade do cálcio dos vegetais é
geralmente alta, mas esta é reduzida
pela ligação com oxalatos no caso dos
espinafres, couve e feijão. Por outro
lado, embora os vegetais sejam uma
boa fonte de cálcio biodisponível, a
quantidade necessária para atender
às necessidades diárias é substan-
cial, o que dificulta a obtenção das
necessidades dietéticas de cálcio
apenas com vegetais. Alguns cereais
(por exemplo, cereais integrais) con-
têm fitatos, que também reduzem a
biodisponibilidade do cálcio.
As bebidas vegetais parecem ter
baixa biodisponibilidade de cálcio,
mesmo quando são fortificadas com
este mineral. Portanto, estas não são
alternativas aos produtos lácteos,
em idade pediátrica.
Vitamina D
A vitamina D é uma hormona liposso-
lúvel necessária à absorção do cálcio.
Muitos estudos têm surgido numa
tentativa de estudar os efeitos extra-
-esqueléticos da vitamina D. Dado que
os recetores da vitamina D se encon-
tram na maioria das células corporais,
não é de surpreender que os níveis
desta hormona possam interferir com
o risco de desenvolvimento de cancros
(próstata, mama, colon, pâncreas),
doenças autoimunes, doenças infecio-
sas e risco cardiovascular.
A síntese cutânea por exposição
solar é a principal fonte de vitamina
D (aproximadamente 90%). A capaci-
dade de síntese é variável e depende
de inúmeros fatores: pigmentação da
pele, tempo de exposição solar, hora
de exposição solar, área corporal
exposta, uso de protetores solares,
estação do ano e latitude geográfica.
São poucos os alimentos ricos
em vitamina D e incluem os peixes
gordos (salmão, sardinha, atum,
cavala) e alimentos industrialmente
fortificados (leite, iogurtes, queijo,
manteiga, cereais) (Quadro 3).
Quadro 3. Alimentos ricos em
vitamina D e sua comparação com
exposição solar
Alimento
Porção Vitamina D
fornecida (UI)
Salmão
(aquicultura) 100g 100-250
Saldinha 100g 300
Cavala 100g 250
Atum 100g 236
Ovos 100g 20
Leite
(fortificado) 240mL 100
Iogurte
(fortificado) 240mL 100
Queijo (fortificado)
4 fatias
100
Exposição solar
Aproximada-
durante 5-15 min
mente 3 000
(braços e pernas)
Fonte: Dietary Guidelines for Americans, 2010
As recomendações diárias de vita-
mina D em idade pediátrica estão
representadas no Quadro 4.
As crianças e os adolescentes obe-
sos têm elevado risco de deficiência
em vitamina D, devido ao sequestro
desta hormona no tecido adiposo,
pelo que estes indivíduos necessi-
tam de doses superiores para a ade-
quação dos níveis desta vitamina.
A suplementação oral com 400 UI/
dia deverá ser universal para todos
os lactentes (0-12 meses). Não exis-
tem recomendações universais de
suplementação depois dos 12 meses,
mas a European Society for Paedia-
tric Gastroenterology Hepatology
and Nutrition (ESPGHAN) aconselha
a adoção de medidas nacionais de
recomendações dietéticas, fortifica-
ção alimentar e suplementação com
vitamina D de acordo com a reali-
dade local. Em Portugal, apesar da
escassez de estudos de prevalência
do seu défice, presume-se que este é
elevado.
Exercício físico e estilo de vida
O exercício físico que envolva
impacto no solo promove o aumento
da deposição mineral óssea em
particular no início da puberdade.
O local de maior deposição mineral
óssea é específico do tipo de exercí-
cio, pois depende do padrão de carga
da atividade desportiva. A densidade
mineral óssea em ginastas é maior
na anca e na coluna, em corredores
no colo do fémur e em remadores na
coluna lombar.
Entre os 5 e os 17 anos de idade,
recomenda-se a prática de atividade
física moderada a vigorosa durante
60 minutos diários. Em idade pediá-
trica, é fundamental que esta prá-
tica tenha um componente lúdico,
deverá contemplar os interesses
individuais e o desenvolvimento de
diferentes habilidades motoras.
Quadro 4.
Idade
Recomendações diárias de
vitamina D (UI/dia)
0 – 6 meses 400*
6 – 12 meses 400*
1 – 3 anos 600
4 – 8 anos 600
9 – 13 anos 600
14 – 18 anos 600
14 – 18 anos,
grávida/lactante 600
*Ingestão adequada Institute of Medicine, 2010
Outros fatores modificáveis
As alterações do estilo de vida tam-
bém podem conferir risco adicional
para a redução da densidade mineral
óssea. Em adultos, o tabagismo, a
cafeína e a ingestão de álcool estão
associados à diminuição da minera-
lização óssea, pelo que estes com-
portamentos deverão ser evitados
em adolescentes. A manutenção de
um peso e da composição corporal
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