Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2018 | Page 21
alimentados com leite materno.
Em relação aos restantes grupos
de risco a indicação para suple-
mentação é mais controversa,
estando preconizado o rastreio de
acordo com o risco potencial.
A AAP recomenda o rastreio exclu-
sivamente a crianças e adoles-
centes com doenças associadas a
redução da massa óssea e/ou his-
tória de fraturas de baixo impacto
recorrentes. 7
• Sódio e Refrigerantes
O consumo de refrigerantes está
associado a baixo aporte de leite
e cálcio e não adicionam qualquer
benefício para a saúde. Dietas com
elevado teor de sódio predispõem
a baixos níveis de cálcio, dado que
este ião compete ativamente com
o cálcio no túbulo proximal renal,
aumentando a sua excreção.
II) Exercício físico e estilo de vida
As forças mecânicas aplicadas ao
esqueleto promovem a formação
óssea, daí que exercícios de carga
promovam o aumento da massa
óssea em crianças e adolescentes.
Assim, programas de exercícios de
elevado impacto e baixa frequên-
cia, como o salto e corrida por 10
minutos 3 vezes por semana, são
vantajosos no ganho de MO femoral,
em especial em idades pubertá-
rias precoces. 2,4,10 Os aumentos de
densidade óssea são dependentes
dos locais de carga dos diferentes
desportos. Portanto, desportos de
alto impacto (ex. ginástica, volei-
bol, karaté) ou impacto no solo (ex.
futebol, basquetebol, desportos de
raquete) estão associados a maior
densidade e melhor geometria
ósseas. 2
O consumo de álcool, tabaco e
cafeína associam-se a diminuição da
MO, pelo que são hábitos a evitar na
adolescência. 4
III) Peso e composição corporal
O baixo peso e a desnutrição estão
negativamente associados à aquisi-
ção de matriz óssea. No entanto, a
obesidade também aumenta o risco
de fratura. 10 Assim, na infância e na
adolescência deve procurar-se um
peso saudável para, entre outros
benefícios, otimizar a saúde óssea.
Conclusão
As primeiras décadas de vida
são determinantes na formação da
matriz óssea, com efeitos evidentes
ao longo de toda a vida.
A promoção de hábitos de vida
saudáveis nas crianças e adolescen-
tes através da implementação de
uma dieta equilibrada e da prática
de exercício física regular são os
principais fatores que permitem a
prevenção da osteoporose.
Bibliografia
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Restante Bibliografia em:
www.revdesportiva.pt (A Revista Online)
Prevenção da osteoporose
e exercício físico
Ossos: alicerces do movimento
Dr. Rui Pedro Amendoeira
Médico de Família na USF
Ramalde – ACeS Porto
Ocidental
A osteoporose é classificada pela
ICD 101 como um estado de redução
da densidade mineral óssea, com
diminuição da espessura cortical e
diminuição do número e tamanho
das trabéculas ósseas, que resulta
num aumento da incidência de fra-
turas. A mesma classificação divide
esta condição em dois subtipos: pri-
mária (pós-menopausa, relacionada
com a idade, idiopática) e secundá-
ria (onde há uma causa subjacente
identificada para a perda de massa
óssea). É muito mais frequente em
mulheres que em homens.
A crescente epidemiologia desta
entidade tem feito, desde há muitos
anos, levantar muitos alarmes na
comunidade científica e médica, mas
também na sociedade em geral. Raro
é o dia em que não nos deparamos
com uma qualquer publicidade ou
divulgação de atividade em que o
foco é na osteoporose enquanto
doença e na necessidade das pessoas
se prevenirem e/ou tratarem. Neste
ponto há uma série de fatores bem
conhecidos com alguma evidência
na sua recomendação, generica-
mente, como a alimentação (Cálcio,
Vitamina D), hábitos de vida saudá-
vel (por exemplo, ausência de hábi-
tos tabágicos e alcoólicos, excesso de
peso), sedentarismo. Porém, a ativi-
dade física, e em particular o exercí-
cio físico, apresentam-se como um
fator determinante nesta temática.
Como qualquer estrutura na
natureza que se movimente, seja
de origem animal ou não, uns bons
alicerces são o garante de harmonia,
estabilidade, força e funcionalidade.
Veja-se, ilustrativamente, o exemplo
de árvores com troncos enormes
que não cedem perante pressões
monumentais de repetidas rajadas
de vento, vento esse que propicia
essa mesma resistência durante
o crescimento da árvore. Assim,
num organismo articulado como
o Homem, repleto de alavancas e
sistemas complexos, o movimento
harmonioso e frequente, particular-
mente com carga, terá as mesmas
consequências benéficas nos nossos
alicerces – os ossos. Enquanto estru-
tura viva e dinâmica, em constante
renovação, a fisiologia do tecido
ósseo 2 diz-nos que o movimento
e aplicação de forças com vetores
multidirecionais (por exemplo, efeito
Piezoeléctrico e Lei de Wolff) são
benéficas para o desenvolvimento
de estruturas resistentes e flexíveis
e assim, além de diminuir a perda
de massa óssea associada à idade
em homens ou mulheres pré ou
pós-menopausa, conseguirá tam-
bém a redução do risco de quedas
e fraturas osteoporóticas já que
providencia adicionalmente um
suporte funcional ao corpo. Um fator
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