Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2013 | Page 24

pois permite com muito mais eficácia correlacionar os sintomas com os achados eletrocardiográficos (valor preditivo muito superior ao Holter e até ao estudo eletrofisiológico invasivo). Avaliação quando há suspeita de causa neurológica de perturbação da consciência Se a avaliação básica e as caraterísticas clínicas sugerem que a perturbação da consciência é de causa neurológica, o atleta deve ser admitido num hospital para investigação subsequente e realização de exames do foro neurológico (figura 3). Apenas quando a suspeita de epilepsia é alta se deve solicitar o eletroencefalograma (EEG). Apenas após confirmação de epilepsia se deve solicitar a tomografia computorizada (TC) para tentar excluir uma causa secundária de epilepsia. O acidente isquémico transitório (AIT) ou o acidente vascular cerebral (AVC) como causa de síncope envolve o território vértebro-basilar, raríssimo em jovens. Neste caso deverá ser solicitado TC ou ressonância magnética nuclear (RMN). Geralmente a síncope causada por perturbações do território vertebro-basilar acompanha-se de outros sintomas, como vertigem e nistagmo. Se há suspeita de embolia num jovem deve ser excluída a persistência de foramen ovale e outras cardiopatias congénitas mais floridas, alterações da coagulação e trombofilias. Avaliação quando há suspeita de causa neurocardiogénica (mais frequente) Quando a síncope é recorrente, com pródromos no final do esforço e não existe suspeita de cardiopatia, deve ser solicitado um teste de tilt. O teste de tilt com indução farmacológica, apesar de reduzir discretamente a especificidade, aumenta consideravelmente a sensibilidade2. Avaliação da síncope inexplicada após a bateria inicial de exames subsidiários Quando após a avaliação clínica extensa, realização de ECG, de ecocardiograma e teste de tilt, a síncope se mantém de causa inexplicada e é recorrente, os jovens poderão necessitar da implantação de um monitor de ansa. Contudo, ainda hoje em cerca de 15% de jovens a causa de síncope não pode ser explicada. Síncope no atleta de competição Os jovens atletas de competição que sofrem síncope são um grupo que merece especial atenção por parte da comunidade médica. É sabido que os atletas de competição apresentam padrões eletrocardiográficos diferentes da população sedentária, tais como wandering pacemaker auricular, pausas sinusais, bloqueios aurículo-ventriculares de 2.º grau Mobitz I, repolarização precoce, que pode mimetizar síndromas de Brugada e hipertrofia ventricular esquerda. Sempre que há síncope de esforço num atleta deve ser excluída a cardiomiopatia hipertrófica, as anomalias das coronárias, a estenose Tabela 1. história clínica em jovens com síncope ELEMENTOS CHAVE SIGNIFICADO Ante