Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2013 | Page 10

corporal humana , com enfoque na apresentação dos principais constituintes ao nível molecular ( massa gorda , água ), tecidular ( músculo , tecido adiposo ) e corpo inteiro ( pregas adiposas , circunferências ). A avaliação da massa gorda ( MG ) a partir de técnicas com recurso ao corpo inteiro é fundamental pela sua maior aplicabilidade em contextos clínicos , centros desportivos , escolas e Healths Clubs . Desta forma , as técnicas mais válidas na determinação da MG incluem a morfologia de superfície ( pregas adiposas , perímetros ) e a bioimpedância elétrica . O índice de massa corporal é um método não recomendado dada a reduzida validade na determinação da adiposidade . O recurso à medição de pregas adiposas ou à bioimpedância eléctrica pode apresentar uma maior precisão , dependendo do operador e das condições do teste , respectivamente . Assim , quem pretende iniciar a avaliação das pregas adiposas deve treinar pelo menos 50 a 100 vezes a medição de cada prega , sendo aconselhada a acreditação por parte do ISAK ( International Society for the Advancement of Kynanthopometry ). O coeficiente de variação deve estar entre 3 – 5 %, por exemplo para a prega tricipital . As medições devem ser efetuadas do lado direito , destacando a pele e o tecido subcutâneo adjacente . Para realizar correctamente a medição , o polegar e indicar devem estar a 1 cm do local da medição ( onde se colocarão as hastes do adipómetro ), aguardando-se 3 segundos antes de fazer a leitura . Devem ser efetuadas 2 medições em cada local antropométrico . Se a diferença entre as 2 medições > 1 mm deve efetuar-se nova medição e calcular a média . Fazer sempre medições alternadas para permitir recuperação da espessura e textura da pele . A seleção das soluções mais válidas na determinação da MG e da massa isenta de gordura a partir da antropometria e bioimpedância elétrica devem incluir alguns critérios , nomeadamente , o método de referência utilizado pelos investigadores ; a população que serviu de base ao desenvolvimento da solução proposta e o desempenho da equação na predição do valor real ( idealmente os erros do modelo devem ser < 4 % na obtenção da MG ), embora a exigência deja maior para populações atléticas .
O perímetro da cintura ( PC ) apresenta elevada associação com o tecido adiposo abdominal subcutâneo e visceral , evidenciando associações relevantes com indicadores cardiometabólicos . No entanto , há várias definições para medição deste perímetro , pelo que se deve identificar qual a metodologia utilizada por diversas instituições :
PC 1 : Imediatamente abaixo da grelha costal ;
PC 2 : Na zona mais estreita da cintura ( recomendada pelo “ Anthropometric Standardization Reference Manual ”: Lohman 1988 );
PC 3 : Meia distância entre o final da grelha costal e a crista ilíaca ( recomendada pela Organização Mundial de Saúde );
PC 4 : Imediatamente acima da crista ilíaca ( recomendada pelo National Institute of Health dos EUA e aplicada no NHANES III ).
A bioimpedância elétrica ( BIA ) é um método alternativo para a medição da MG , sendo uma técnica rápida , não-invasiva e pouco dispendiosa na avaliação da composição corporal . Com este método é aplicado um nível baixo de corrente elétrica pelo corpo . Os eletrólitos na água corporal são excelentes condutores de eletricidade . Quanto maior o volume de água corporal mais facilmente a corrente elétrica atravessa o corpo , ou seja , menos resistência é oferecida . A resistência será maior em pessoas com maior quantidade de tecido adiposo que funciona como um “ isolador ”, aumentando a resistividade .
Os pré-requisitos da bioimpedância incluem :
·· não realizar exercício físico nas 24 horas que precedem o teste ;
·· não estar no período menstrual ;
·· estar em jejum ou pelo menos
4 horas sem comer e beber ;
·· não ingerir diuréticos ( chá , café );
·· não beber álcool 48 h antes do teste ;
·· a bexiga e os intestinos devem estar vazios ;
·· durante o teste retirar todos os metais ( pulseiras , fios , brincos );
·· temperatura ambiente ± 23 .º C .
Os valores de referência a utilizar na classificação da % MG variam consoante a idade , género e volume de treino . Considera-se um valor médio da Massa Gorda (% MG ) para adultos “ não atletas ” ( 18 – 40 anos ), 13 % no homem , e 28 % na mulher . Se se tratar de atletas já se consideram 10 e 23 %, respetivamente .
Os novos equipamentos BIA , de análise segmentar , também apresentam a estimativa regional e total do tecido muscular e tecido adiposo visceral .
Recomenda-se a valorização da avaliação de outros componentes corporais , para além da MG e massa isenta de gordura , como é o caso da água e os seus compartimentos , o tecido muscular e tecido adiposo visceral , com recurso a técnicas alternativas como a antropometria ou a bioimpedância eléctrica .
Qual o melhor método a utilizar ? Dependerá sempre do componente de interesse da disponibilidade , das técnicas , da condição de saúde , do paciente / utente , da localização da área de avaliação ( Laboratório – fins de investigação vs Clínica – diagnóstico ).
Avaliação cardiorrespiratória em pacientes
Prof . Doutora Helena Santa-Clara ( Exercício )
Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa
Este workshop refrescou-nos as ideias em relação à seleção de protocolos e equipamentos para doentes cardíacos , detalhou metodologias de acompanhamento das provas de esforço . A avaliação cardiorrespiratória em doentes cardíacos deve incluir informação obtida pela prova de esforço ( PE ) clássica , que permite o diagnóstico / prognóstico
8 · Janeiro 2013 www . revdesportiva . pt