Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2012 | Page 33
Outros preferem as vias anterolateral ou anteromedial. Aqui o paciente
está deitado ou sentado na beira
da cama, joelho flectido a 60°–90°.
A agulha entra imediatamente
para fora ou para dentro do tendão
patelar, dirigindo-se ligeiramente
para cima em direção da chanfradura intercondiliana. Por vezes
a agulha poderá parar no tecido
adiposo ou no ligamento cruzado
anterior. Em ambos os casos deverá
ser reposicionada sob pena de não
haver uma difusão adequada do
produto. A seguir à introdução do
medicamento devem ser feitas uma
dezena de mobilizações passivas
lentas e manter o joelho fletido a
60° pelo menos durante uma hora
para ajudar a sua difusão. Apesar
da evidência científica para o fazer
não ser forte é comum aconselhar
a descarregar o membro durante
2-3 dias com auxílio de um par de
canadianas(2).
Ao longo dos anos foram numerosos os estudos efetuados para determinar a precisão destas diferentes
vias de acesso. Uns usaram imagens
fluoroscópicas em tempo real e
concluíram que, na ausência de
derrame, havia grande dificuldade
de colocar as agulhas no espaço articular. Com esse controlo de imagem
a via mais eficaz foi a mediopatelar
lateral com 93%, seguida da anteromedial com 75% e a anterolateral
com 71%(3).
Outros fizeram estudo em cadáveres no qual não foi possível atingir
os 100% de precisão e onde os resultados obtidos pela via mediopatelar
medial foram significativamente
inferiores aos obtidos pelas outras
vias. A injeção pela via anterolateral teve êxito em 85% mas tal não
foi estatisticamente significativo
quando comparado com os resultados obtidos pela anteromedial e
pela mediopatelar lateral(4). Recentemente foram publicados trabalhos
em que as punções/infiltrações no
joelho foram efectuadas sob controlo sonográgico. Nesses trabalhos
verifica-se que a precisão destes atos
aumentou para 100% na via superolateral e para 95% na mediopatelar
lateral, valores significativamente
mais elevados que os 75% atingidos
pela via mediopatelar medial(5) e, por
esse motivo melhoraram os resultados clínicos e o seu custo-benefício(6).
Parece, pois, que o caminho do
futuro é também aqui o do controlo
ecográfico das punções e das infiltrações do joelho.
Não podemos terminar este artigo
sem lembrar que a artrite bacteriana
iatrogénica é uma complicação com
consequências catastróficas que
pode ocorrer na sequência de uma
injeção intra-articular. Há falta de
evidência em relação às precauções
que devem ser tomadas para evitar
tal complicação, mas a tendência
vai cada vez mais no sentido de não
utilizar técnicas asséticas, como as
usadas em ambiente de sala de operações, antes a denominada técnica
limpa, em que o médico utiliza luvas
não esterilizadas e prepara a pele,
antes da injeção, com agentes como
o álcool (etílico ou isopropílico a
70%) ou sabão(7,8).
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