Revista de Medicina Desportiva Informa Janeiro 2012 | Page 26
Revisão da literatura
Rev. Medicina Desportiva informa, 2012, 3 (1), pp. 24–27
Effects of gradual-elastic
compression stockings on
running economy, kinematics
and performance in runners
(Resumo)
Varela-Sanz, A. et al. J Strength Cond Res 25(10):2902-2910, 2011
Resumo do artigo: Dr. Basil Ribeiro. Medicina Desportiva. C H V N Gaia-Espinho, EPE.
Comentário: J. Peneda Ferreira. Cirurgia Vascular, Porto.
RESUMO ABSTRACT
As diferenças nos resultados obtidos pelos atletas no desporto de alto rendimento são
frequentemente mínimas e todos os pormenores podem realçar a diferença. A utilização
de meias de compressão progressiva, desde a raiz dos dedos até ao joelho, para além de
melhorarem o retorno venoso, transmitem aos atletas menor sensação de stress muscular
na perna. Os autores deste estudo quiseram verificar se estas meias melhorariam o rendimento em testes de corrida, nomeadamente em relação à economia de corrida, à resposta
·
da frequência cardíaca, ao VO2máx e ao tempo de prova até à exaustão.
The differences of the results among the high level athletes are quite often small and all the details
can make the difference. The wearing of the gradual elastic compression stockings, from the toes to
the knee, improves de venous return and gives to the athlete a lower perception of strain in the calf.
The authors of this study wanted to check if this stockings wolud ameliorate the performance on
·
running tests, specially em relation to running economy, heart rate response, VO2max and time limit
running test.
PALAVRAS-CHAVE KEYWORDS
Meias elásticas de compressão progressiva, retorno venoso, economia de corrida, frequência cardíaca.
Gradual elastic compression stockings, venous return, running economy, heart rate.
Na introdução os autores fazem
uma revisão sobre o historial da
utilização das meias de compressão por parte de atletas, referindo
vários autores que manifestaram
interesse sobre este tema, indicando
quatro estudos que encontraram
algum benefício em sujeitos moderadamente treinados, mas também
ausência de utilidade em outras
investigações. Outros encontraram vantagens na recuperação
após o esforço físico, o que levou
a considerar o eventual benefício
durante as sessões de treino diário.
Posteriormente surgiram as meias
de compressão progressiva (MCP),
as quais são mais apertadas junto
do tornozelo e gradualmente são
menos compressivas em direção
ao joelho. Encontraram na literatura um estudo que revelou maior
conforto com a utilização das MCP
com baixo grau de compressão
24 · Janeiro 2012 www.revdesportiva.pt
(12-15 mmHg), quando comparado
comas de elevada compressão (23-32
mmHg). Outro estudo verificou que
as MCP que apenas chegavam até
ao joelho eram mais confortáveis,
tinham menor possibilidade de criar
rugas, que as que atingiam a raiz
da coxa. A influência sobre o rendimento físico foi então avaliada em
vários estudos.
Os autores deste estudo decidiram utilizar o conceito Economia de
VARIÁVEIS
Corrida (EC) para avaliar tal influência. A EC refere-se à quantidade
de energia utilizada para realizar
um esforço máximo numa intensidade sub-máxima. Isto é, o atleta
que consumir menos energia (tiver
·
menor VO2máx) à mesma velocidade é
o mais económico. O princípio subjacente ao uso das MCP tem a ver com
o maior retorno venoso, que origina
maior pré-load cardíaco, maior
volume sistólico, com diminuição
obrigatória da frequência cardíaca
(FC). Outros autores referem que
as MCP diminuem as oscilações
musculares, o que originaria melhor
direção da contração muscular,
melhorando assim a eficiência
mecânica. A percepção de menor
tensão nas pernas (“menos inchadas”) é referida como comentário de
alguns atletas.
Os objetivos deste estudo consistiram em avaliar a influência da utilização de meias elásticas de compressão progressiva, usadas desde a
raiz dos dedos do pé até ao joelho,
num grupo de corredores a pé bem
treinados. Na hipótese de estudo
indicaram que as MCP: a) poderiam melhorar a EC num esforço de
intensidade sub-máxima, neste caso
igual à melhor velocidade obtida
numa corrida de meia maratona;
b) melhorariam o rendimento num
teste de corrida até à exaustão a
intensidade igual a 105% da melhor
anteriormente obtida numa corrida
de 10 km.
Os Resultados revelaram que a
1.ª hipótese não se verificou, isto é,
o uso de MCP não melhorou a EC
avaliada num teste à velocidade
corresponde à melhor obtida numa
corrida de meia maratona. Também
a avaliação cinemática não foi diferente nas duas condições de avaliação. Contudo, no teste de corrida até
à exaustão, com intensidade / velocidade igual a 105% da utilizada na
COM MCP (N=6)
SEM MCP (N=6)
VALOR DE P
387.42 ± 129.33
337.16 ± 179.72
0.57
180.0 ± 4.86
181.5 ± 6.15
0.63
9.7 ± 0.4
9.5 ± 0.8
0.25
VO2max (ml/kg/min)
53.6 ± 4.8
62.09 ± 8.8
0.09
% VO2max
89.4 ± 6.6
93.8 ±10.5
0.44
% da FC máxima
96.6 ± 2.9
99.8 ± 0.4
0.01
198.8 ± 12.8
215.0 ±21.8
0.90
Tempo máximo (seg)
FC máxima (bpm)
Percepção do esforço
EC (ml/kg/min)
EC – Economia de corrda; FC – frequência cardíaca; BPM – batimentos por minuto;
Percepção do esforço (taxa) – Escala de Borg (1 a 10); VO2 – consumo de oxigénio.