REVISTA CEP EM CENA REVISTA TEATRO CEP N1 | Page 20
diretor deve olhar e conforme o encenador dispõe os textos cria dramaturgias diferentes. Ainda segundo Szondi,
Assim como a fala dramática não é expressão do autor, tampouco é uma alocução dirigida ao público. Ao contrário, este assiste à conversão dramática: calado, com os braços cruzados, paralisado pela impressão de um segundo mundo.”( 2001, p. 31),
De acordo com o autor, o público, apesar de ser parte integrante do momento teatral, é levado à apreciação da cena de forma contemplativa, e muitas vezes de identificação com os personagens. Mas a concepção de drama foi se modificando gradualmente, estrutura e conceito, no qual segundo Lehmann:
O que se abala e se esvanece com essa crise é uma série de componentes até então inquestionáveis no drama: a forma textual do diálogo, carregado de tensões e decisões; o sujeito cuja realidade se exprime essencialmente na fala interpessoal; a ação, que se desenrola primordialmente em um presente absoluto.( LEHMANN, 2007, p. 79)
Essas mudanças, assim como todas as alterações incididas ao longo da história, não ocorrem de um dia para outro, é preciso um tempo para que paulatinamente as transformações ganhem espaço e sejam legitimadas. No início do século XX, autores como Bertolt Brecht e Erwin Piscator passam a utilizar não apenas o gênero literário dramático em suas dramaturgias, mas também o gênero épico. Segundo Furtado( 1995), é em 1926 com a peça“ Um homem é um Homem”, de Bertold Brecht, que o público contemplou a primeira grande mudança na perspectiva do Teatro Épico. E no decorrer do século, este conceito se viu cada vez mais em transformação. A dramaturgia como escrita em drama é descaracterizada, pois já não se utiliza apenas de diálogos para mostrar-se. Porém ainda utiliza o texto como ponto fundador da encenação.
É, segundo Carvalho,“[...] a partir dos anos 1970 [ que ] ocorreu uma profunda ruptura do modo de pensar e fazer teatro. [...] A valorização da autonomia da cena e a recusa a qualquer tipo de‘ textocentrismo [...]”.( CARVALHO, 2007, p. 19). Aqui os elementos que compõem a cena teatral ganham independência, o figurino, a iluminação, a cenografia, o texto teatral e o corpo estão em pé de igualdade. Isso muda profundamente o meio de produção teatral.
Para Patrice Pavis a palavra dramaturgia em seu sentido original e clássico é“ a técnica( a poética) da arte dramática, que procura estabelecer os princípios de construção da obra”.( PAVIS, 2008, p. 113) Ou seja, dramaturgia era compreendida como a técnica que a diferenciava de outros gêneros literários. Mas ao falar sobre a utilização da palavra na atualidade, neste contexto de desierarquização dos componentes teatrais o teórico apresenta a dramaturgia como o conjunto de estratégias e escolhas estéticas do espetáculo como um todo, passando pelo texto, ator, direção até o iluminador, figurinista e etc. Essa concepção“ tende, portanto a ultrapassar o âmbito de um estado do texto dramático, para englobar texto e realização cênica”( PAVIS, 2008, p. 113), instaurando então um uso mais global do termo dramaturgia. Por isso observamos alguns pesquisadores e artistas usarem os termos dramaturgia da luz, dramaturgia do cenário, dramaturgia corporal, ou seja, o discurso que cada componente teatral passa ao espectador.
Neste sentido, o texto teatral já descaracterizado passa a se permitir a utilização de novas ferramentas para compreender um novo teatro. Para esta nova concepção de cena foi necessário uma nova forma de escrever para teatro. É aqui que se insere o trabalho de Sarah Kane, neste momento histórico que compreende o texto não como um“ espetáculo no papel”, mas como um item da cena a ser apresentada.
Para Stephan Arnulf Baugärtel
A comunicação teatral é por definição uma comunicação dupla: a comunicação entre os personagens( no plano da ficção) e a comunicação entre palco e plateia( ou seja, entre os artistas e os espectadores) acontecem simultaneamente.( BAUGÄRTEL, 2011.)
diretor deve olhar e conforme o encenador dispõe os textos cria dramaturgias diferentes. Ainda segundo Szondi,
Assim como a fala dramática não é expressão do autor, tampouco é uma alocução dirigida ao público. Ao contrário, este assiste à conversão dramática: calado, com os braços cruzados, paralisado pela impressão de um segundo mundo.”( 2001, p. 31),
De acordo com o autor, o público, apesar de ser parte integrante do momento teatral, é levado à apreciação da cena de forma contemplativa, e muitas vezes de identificação com os personagens. Mas a concepção de drama foi se modificando gradualmente, estrutura e conceito, no qual segundo Lehmann:
O que se abala e se esvanece com essa crise é uma série de componentes até então inquestionáveis no drama: a forma textual do diálogo, carregado de tensões e decisões; o sujeito cuja realidade se exprime essencialmente na fala interpessoal; a ação, que se desenrola primordialmente em um presente absoluto.( LEHMANN, 2007, p. 79)
Essas mudanças, assim como todas as alterações incididas ao longo da história, não ocorrem de um dia para outro, é preciso um tempo para que paulatinamente as transformações ganhem espaço e sejam legitimadas. No início do século XX, autores como Bertolt Brecht e Erwin Piscator passam a utilizar não apenas o gênero literário dramático em suas dramaturgias, mas também o gênero épico. Segundo Furtado( 1995), é em 1926 com a peça“ Um homem é um Homem”, de Bertold Brecht, que o público contemplou a primeira grande mudança na perspectiva do Teatro Épico. E no decorrer do século, este conceito se viu cada vez mais em transformação. A dramaturgia como escrita em drama é descaracterizada, pois já não se utiliza apenas de diálogos para mostrar-se. Porém ainda utiliza o texto como ponto fundador da encenação.
É, segundo Carvalho,“[...] a partir dos anos 1970 [ que ] ocorreu uma profunda ruptura do modo de pensar e fazer teatro. [...] A valorização da autonomia da cena e a recusa a qualquer tipo de‘ textocentrismo [...]”.( CARVALHO, 2007, p. 19). Aqui os elementos que compõem a cena teatral ganham independência, o figurino, a iluminação, a cenografia, o texto teatral e o corpo estão em pé de igualdade. Isso muda profundamente o meio de produção teatral.
Para Patrice Pavis a palavra dramaturgia em seu sentido original e clássico é“ a técnica( a poética) da arte dramática, que procura estabelecer os princípios de construção da obra”.( PAVIS, 2008, p. 113) Ou seja, dramaturgia era compreendida como a técnica que a diferenciava de outros gêneros literários. Mas ao falar sobre a utilização da palavra na atualidade, neste contexto de desierarquização dos componentes teatrais o teórico apresenta a dramaturgia como o conjunto de estratégias e escolhas estéticas do espetáculo como um todo, passando pelo texto, ator, direção até o iluminador, figurinista e etc. Essa concepção“ tende, portanto a ultrapassar o âmbito de um estado do texto dramático, para englobar texto e realização cênica”( PAVIS, 2008, p. 113), instaurando então um uso mais global do termo dramaturgia. Por isso observamos alguns pesquisadores e artistas usarem os termos dramaturgia da luz, dramaturgia do cenário, dramaturgia corporal, ou seja, o discurso que cada componente teatral passa ao espectador.
Neste sentido, o texto teatral já descaracterizado passa a se permitir a utilização de novas ferramentas para compreender um novo teatro. Para esta nova concepção de cena foi necessário uma nova forma de escrever para teatro. É aqui que se insere o trabalho de Sarah Kane, neste momento histórico que compreende o texto não como um“ espetáculo no papel”, mas como um item da cena a ser apresentada.
Para Stephan Arnulf Baugärtel
A comunicação teatral é por definição uma comunicação dupla: a comunicação entre os personagens( no plano da ficção) e a comunicação entre palco e plateia( ou seja, entre os artistas e os espectadores) acontecem simultaneamente.( BAUGÄRTEL, 2011.)