Após transitar por todas as esferas envolvidas, direta e indiretamente,
com a localização da Cidade Universitária, o diretor do DASP, Luiz
Simões Lopes, apresentou, na Exposição de Motivos nº 936, de
14/05/45, os fundamentos que iriam embasar a escolha final pelo arquipélago. (ETUB, 1954, Barbosa, 1945, Oliveira, 2005):
A proximidade da área ao centro de gravidade da população estudantil, garantindo, ao mesmo
tempo, um relativo isolamento;
A construção de um hospital em área vizinha a bairros operários proporcionaria a ocorrência de
uma variedade de casos típicos para estudo, devido à vasta clientela que se destinaria aos seus
ambulatórios e clínicas;
As condições climáticas da área favoreceriam a prática de esportes;
A existência de pedra, areia e saibro na área e a possibilidade de receber, por via marítima, ferro e
cimento, facilitariam as obras do aterro;
A constituição geológica das ilhas de Bom Jesus, Pindaí do França, Pindaí do Ferreira, Fundão,
Pinheiro e Sapucaia (exceto uma parte) propiciariam um terreno firme de 3.720.000m²;
Por fim, a possibilidade de expansão do terreno, em caso de necessidade, com a inclusão das ilhas
de Baiacu, Cabras e Catalão, resultando em área superior a 5.000.000m².
Assim como as demais localidades analisadas, o
arquipélago também apresentava alguns inconvenientes, porém, considerados menos graves: o
ruído de aviões decorrente da proximidade da Base
Aérea do Galeão e do Aeroclube de Manguinhos, e
a proximidade de corporações militares, o que, em
situações de rivalidades e conflitos, poderia amplificar os choques entre soldados e praças.
Ao apoiarem a proposta, o Ministro da Guerra e
o Ministro da Aeronáutica colocaram, respectivamente, duas restrições para a construção da Cidade
Universitária no local: a conservação do Asilo dos
Inválidos da Pátria, na extremidade nordeste da
Ilha de Bom Jesus, e o não atraso na construção da
ponte que ligaria a Ilha do Fundão ao continente.
Restrições que não chegaram a se tornar obstáculos que invalidassem a proposta, uma vez que não
havia interesse imediato de apropriação do prédio
do Asilo pela universidade, sendo sua presença inCanto | pág. 9
clusive desejável do ponto de vista social, cultural
e artístico, e que a construção da referida ponte, à
época iniciada pelo Ministério da Aeronáutica, já
tinha sua ampliação prevista no projeto da Cidade
Universitária (Oliveira, 2005).
Dessa forma, o presidente Getúlio Vargas respondeu
favoravelmente à Exposição de Motivos encaminhada pelo diretor do DASP, assinando o Decreto-lei
nº 7.536, dispondo sobre a localização definitiva
da Cidade Universitária da Universidade do Brasil.
Apesar da aprovação oficial, logo foram manifestadas algumas dúvidas, críticas e especulações
em diversos jornais da época sobre o projeto,
devendo aqui mencionarmos o cuidado de Luiz
Hildebrando Horta Barbosa (1946) em examinar e
responder a todas elas, com vistas a “formar uma
opinião mais justa e exata a respeito desse problema fundamental”.
Havia ainda nos jornais a opinião que qualificava