Revista Amooreno Edição10 - NOV18 | Page 27

perguntamos? O professor também espera algo do aluno. Às vezes, de modo possessivo, outras vezes, de modo diferente, como mão de obra. Pode pensar também num talento para vida acadêmica, e se por um lado, vê um discípulo, não pode deixar de encobrir as dificuldades pelas quais irá passar. Mas, isto tudo, não passa de dúvidas. Um tem expectativa do outro, e nada mais lógico e razoável que exista um diálogo entre ambos, antes de iniciar as atividades. Alguém tem expectativa de alguém, mas ninguém não tem expectativa de ninguém. E os outros são para nós alguém ou ninguém. Compreender cada um como é, acaba sendo o melhor modo de interagir. Às vezes, as pessoas precisam de peixe, outras vezes, precisam de um trabalho educativo sobre a pesca, e sempre atenção externa de outras pessoas. Todos nós precisamos de cúmplices em nossas atividades. O “erro” das pessoas leva, às vezes, a consequências sérias. A reação pessoal ou social contra aquele que errou, pode ser vingativa ou punitiva. Mas, o que se quer mesmo, é que aquele que errou, e com isto de certa forma agrediu, reconheça e mude. Talvez precise sofrer as consequências do seu ato. Não reconhecer o próprio erro ou de certa forma encobri-lo já consiste em não se adequar com a verdade. Aqui vale mais uma definição do ser humano: aquele que é capaz de se desculpar e justificar em todos os seus atos, mas que ficou envergonhado de manifestar esta desculpa ou justificativa em voz alta para outros. Sim, as desculpas que damos a nós mesmos para fazer coisas erradas, não convencem. O castigo piora o ruim e melhora o bom, e como o bom deve ser melhorado, não se deve evitar o castigo. Mas, o ruim? Não merece o castigo, ou além do castigo precisa de algo para melhorar? Talvez precise também da compreensão. As pessoas aprendem também pelos erros, próprios ou alheios, históricos ou do presente. Quanto maior o erro, piores serão as consequências, e menores as chances de errar de novo. Escutar é um ato humano que reflete uma disposição interior. Peter Drucker dizia que “o verdadeiro comunicador é o receptor”. Escutar é permitir o diálogo. A prática medieval de dialogar num debate merece ser lembrada. Enquanto um falava, o outro era obrigado a escutar, pois antes de colocar seu ponto de vista, era obrigado a repetir a ideia do primeiro – com sua expressa aprovação – antes de colocar a sua resposta. Alguns têm o defeito quase físico de não escutar e a partir deste ponto seguem as discórdias. Pensar antes de discutir se aquilo é essencial ou importante ou acidental, em muito reduziria as discussões. Usar a inteligência para identificar exatamente onde se pretende chegar, também é uma forma de diminuir os problemas. NOVEMBRO 2018 - REVISTA AMOORENO - 27