perguntamos? O professor também espera algo do aluno.
Às vezes, de modo possessivo, outras vezes, de modo
diferente, como mão de obra. Pode pensar também num
talento para vida acadêmica, e se por um lado, vê um
discípulo, não pode deixar de encobrir as dificuldades pelas
quais irá passar.
Mas, isto tudo, não passa de dúvidas. Um tem expectativa
do outro, e nada mais lógico e razoável que exista um
diálogo entre ambos, antes de iniciar as atividades. Alguém
tem expectativa de alguém, mas ninguém não tem
expectativa de ninguém. E os outros são para nós alguém
ou ninguém.
Compreender cada um como é, acaba sendo o melhor
modo de interagir. Às vezes, as pessoas precisam de peixe,
outras vezes, precisam de um trabalho educativo sobre a
pesca, e sempre atenção externa de outras pessoas. Todos
nós precisamos de cúmplices em nossas atividades.
O “erro” das pessoas leva, às vezes, a consequências sérias.
A reação pessoal ou social contra aquele que errou, pode
ser vingativa ou punitiva. Mas, o que se quer mesmo, é que
aquele que errou, e com isto de certa forma agrediu,
reconheça e mude. Talvez precise sofrer as consequências
do seu ato. Não reconhecer o próprio erro ou de certa
forma encobri-lo já consiste em não se adequar com a
verdade. Aqui vale mais uma definição do ser humano:
aquele que é capaz de se desculpar e justificar em todos os
seus atos, mas que ficou envergonhado de manifestar esta
desculpa ou justificativa em voz alta para outros. Sim, as
desculpas que damos a nós mesmos para fazer coisas
erradas, não convencem.
O castigo piora o ruim e melhora o bom, e como o bom
deve ser melhorado, não se deve evitar o castigo. Mas, o
ruim? Não merece o castigo, ou além do castigo precisa de
algo para melhorar? Talvez precise também da
compreensão. As pessoas aprendem também pelos erros,
próprios ou alheios, históricos ou do presente. Quanto
maior o erro, piores serão as consequências, e menores as
chances de errar de novo.
Escutar é um ato humano que reflete uma disposição
interior. Peter Drucker dizia que “o verdadeiro
comunicador é o receptor”. Escutar é permitir o diálogo. A
prática medieval de dialogar num debate merece ser
lembrada. Enquanto um falava, o outro era obrigado a
escutar, pois antes de colocar seu ponto de vista, era
obrigado a repetir a ideia do primeiro – com sua expressa
aprovação – antes de colocar a sua resposta. Alguns têm o
defeito quase físico de não escutar e a partir deste ponto
seguem as discórdias.
Pensar antes de discutir se aquilo é essencial ou importante
ou acidental, em muito reduziria as discussões. Usar a
inteligência para identificar exatamente onde se pretende
chegar, também é uma forma de diminuir os problemas.
NOVEMBRO 2018 - REVISTA AMOORENO - 27