Revista Amooreno Edição 11 - DEZ18 | Page 38

#METOO E m 5 de outubro de 201 7, o New York Times publicava uma reportagem contra um dos mais influentes produtores de cinema das últimas décadas, Harvey Weinstein. Mas, antes de o movimento se transformar em uma hashtag de libertação das mulheres (e homens), já existia uma organização desde 2006, ou seja, há 1 2 anos atrás. A organização foi criada para informar, alertar e combater comportamentos de abuso sexual e violação. Tarana Burke é a mulher por trás desta organização que nasceu no Bronx, em Nova York, em 1 973. Nos seus anos de juventude trabalhava como voluntária em conjunto com associações que tinham como objetivo ajudar jovens negras, que nasceram em comunidades marginalizadas, mesmo ela não tinha tido uma vida fácil, crescendo numa família de operários que ganhavam um salário mínimo ou, às vezes, nem isso. A experiência que mudou a sua vida para sempre e que a levou a criar esta organização, foi o fato de ter sido vítima de violação aos seis anos até a sua vida adulta, constantemente abusada verbalmente e fisicamente por rapazes da vizinhança. Burke ingressou na Alabama State University e, mais tarde, transferiu-se para Auburn University, onde terminou os seus estudos. No fim dos anos 80, mudou-se para Selma, no Alabama, onde trabalhou em associações relacionadas com os direitos dos negros. Anos mais tarde, serviu como consultora no filme Selma, realizado por Ava Duvernay e com Oprah Winfrey como uma das produtoras executivas – duas mulheres que mais tarde apoiaram o movimento de Burke. Em 2006, fundou a sua própria ONG, chamada Just Be Inc., uma organização que focava no bem-estar de “mulheres negras”. Foi trabalhando nesta organização que Burke começou a falar abertamente da sua experiência, compartilhando com uma jovem que admitiu que estava sendo abusada sexualmente pelo namorado de sua mãe, proferindo pela primeira vez as palavras Me Too. A reportagem contra Harvey Weinstein, no New 38 - REVISTA AMOORENO - DEZEMBRO 2018 @Alyssa_Milano York Times, fez com que ele fosse afastado de sua própria produtora e retirado imediatamente do corpo de jurados da Academia (entidade por trás do Oscar). Inspirada pela coragem destas vítimas, a atriz Alyssa Milano lançou um tweet no dia 1 5 de outubro, compartilhando o seu segredo e desafiando todas as pessoas que também foram vítimas fazerem a mesma coisa, de forma a alertar para a magnitude de um problema que tem sido ignorado há décadas e desencadeando o grande movimento que conhecemos atualmente. A atriz desconhecia a origem da frase que nas próximas semanas viria ser utilizada por milhões de vezes. No início, Burke receava que não fosse reconhecida pelo seu trabalho relacionado com o slogan que rapidamente se espalhou pelas redes. No entanto, o seu trabalho acabou por ser valorizado de uma das maneiras mais honoráveis. Ela foi honrada pela revista Time, tendo sido nomeada como uma das pessoas do ano de 201 7. Burke acabou sendo convidada pela atriz Michelle Williams para ser o seu par na programação de entrega do Globo de Ouro. No início Burke estava um pouco reticente, pois não queria ser usada como um trunfo para estas mulheres “ativistas” progredirem nas suas carreiras. Williams acalmou Burke explicando a sua intenção. Juntamente com outras atrizes que se juntaram à causa, Laura Dern, Mery Streep, Amy Phoeber, Emma Watson, Emma Stone e Shailene Woodley, decidiram levar oito mulheres ativistas, de todas as raças e classes, e cujo trabalho ajuda milhares em toda a América, de