Revista Amooreno Edição 04 - MAI/2018 | Page 36

LIXO - UM NOVO CONCEITO DO LUXO a atender as necessidades das atuais gerações e permitir melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das necessidades das gerações futuras. E os negócios de moda não estão isentos de tais responsabilidades, já que se incluem no conceito de geradores de resíduos aqueles que desenvolvem atividades ligadas ao consumo. Como exemplo, aqueles negócios que geram resíduos industriais – resultantes dos processos produtivos e instalações industriais – são obrigados a elaborar um plano de gerenciamento de resíduos. A norma ambiental indica que os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes devem investir na fabricação de produtos que gerem a menor quantidade de resíduos sólidos possível, e que sejam, inclusive, aptos a uma destinação final adequada e que possam ser reutilizados ou reciclados. Isso associa-se à obrigação de divulgar informações sobre como evitar, reciclar e eliminar os resíduos sólidos que sejam relacionados aos seus produtos. Vale dizer, que o desenvolvimento da legislação brasileira segue uma tendência mundial, diante do flagrante esgotamento de armazenamento de resíduos sólidos e da necessidade da definição de alternativas que reduzam a sua quantidade. É possível identificar notícias de diversas iniciativas de segmentos da indústria da moda para minimizar a questão dos resíduos sólidos. Algumas marcas de moda já promovem coleções baseadas nos conceitos de Eco Design, onde o objetivo é fazer moda que respeite o meio ambiente. Palavras como: repensar, reciclar e renovar se tornam parte de todo um conceito abraçado pela marca e seu público. Alguns exemplos foram verificados em notícias e divulgações das próprias marcas. Em 1 990 uma companhia norte-americana no setor de esportes criou um programa para recolher, reciclar e processar tênis velhos, a fim de gerar matéria-prima feita a partir de papel reciclado e rejeitos dos tênis, que pode ser usada em todos os tipos de superfícies inclusive em novos calçados. Com essa política, a marca já reciclou 24 milhões de pares de sapatos até hoje, incluindo as doações de tênis de outras marcas. Em 2011 , a companhia lançou uma coleção ecológica de sapatos, feitos a partir de revistas recicladas, e fabricou os uniformes utilizados pelas seleções de futebol na Copa do Mundo de 201 0 a partir da reciclagem de garrafas PETs. 36 - REVISTA AMOORENO - MAIO 2018 O grande desafio é quebrar uma cultura consumista acomodada, e tentar orientar a mesma para novos hábitos ecologicamente corretos. No Brasil, outra multinacional no setor de esportes lançou em 201 2 um programa voluntário para entrega de calçados sem condição de uso, de qualquer marca, diretamente em lojas físicas de São Paulo, que dava direito a brindes especiais. Em 201 5, o projeto foi ampliado para aceitar mais itens como camisetas, calças, shorts, e blusas de qualquer marca ou estilo. Dependendo do estado de conservação, o produto pode ser direcionado para a reciclagem, como matéria-prima para fazer outra peça; o reuso, retornando ao mercado de roupa usada depois de higienização; ou geração de energia, com a sua descaracterização e transformação em combustível, servindo para alimentar fornos de cimento. No mercado de fast fashion, destacam-se as coleções que adotam padrões e produtos mais sustentáveis e as políticas de incentivo de reutilização e reciclagem de peças usadas. É o caso de uma multinacional do setor, que lança a cada ano uma coleção sustentável, também lançou um programa para coleta de roupas usadas de quaisquer marcas, em todas as lojas físicas do mundo. A ameaça à sobrevivência humana em face da degradação dos recursos naturais, a extinção das espécies da fauna e da flora e o aquecimento da temperatura devido à emissão de gases poluentes fizeram a questão ambiental ocupar um lugar de destaque nos últimos tempos. Assumindo que as reservas naturais são finitas e que as soluções podem ocorrer através de tecnologias mais adequadas ao meio ambiente, condições estas que