Revista Amooreno Edição 01 - fev/2018 | Page 62

STREET STYLE - CAPA Todo material utilizado no curso é doado pelo Salgueiro e provém de roupas e carros alegóricos usados no desfile do ano passado. O trabalho de criação tem a orientação de Ümit Esbulan, 27, estilista de origem turca, criado na Alemanha e formado no Departamento de Moda da Royal Academy of Fine Arts de Antuérpia, na Bélgica. Mesmo sem falar uma palavra me português, o professor consegue se entender com as alunas e passar os conceitos fundamentais da moda. O talento de costureiras e estilistas não fica restrito aos limites das comunidades. É o caso as sócias da marca Retalhos Cariocas, empresa formada na Barreira do Vasco eu confecciona bolsas e acessórios reaproveitando materiais. Maria de Fátima, 66, e sua filha Silvia Oliveira, 35, são moradoras e iniciaram o projeto três anos atrás, como forma de aumentar a renda familiar e de outras mulheres da comunidade, que receberam capacitação em corte e costura. “Nós sempre corremos muito atrás para que tudo funcionasse bem. Mas o primeiro espaço que conseguimos ficava ao lado de uma boca de fumo. Isso começou a afugentar as clientes”, recorda a mãe. O negócio mudou de local e, após a chegada da UPP à região, elas tiveram mais tranquilidade para trabalhar e receber a freguesia. O talento da dupla conquistou os representantes da moda do Rio de Janeiro. No ano passado, elas foram convidadas a fazer a decoração do Circuito Moda Carioca, evento que reuniu mais de 50 empresas da área fashion. A moda e a pacificação também podem vencer preconceitos e unir lados opostos. Foi o que aconteceu com as estudantes Maisa Julia Ribeiro, 16, e Larissa Helena Luiz Brito, 17, moradoras do Batan e do Fumacê, respectivamente. Antes da instalação da UPP nas comunidades, era impensável as duas serem amigas, muito menos lançar um projeto juntas. No entanto, hoje elas exibem com orgulho a marca criada pelas duas: Charme Favela. “Eu nunca tinha entrado no Batan, tinha medo dos traficantes, mas aí minha mãe me convenceu a vir para participar do projeto. Resisti um pouco, mas hoje vivo mais aqui do que no Fumacê”, confessa Larissa. O projeto foi criado pela agência de Redes para a Juventude, patrocinada pela Petrobrás, que financiou a criação da grife. Atualmente, a Charme Favela produz camisas que unem Batan e Fumacê. São diversas estampas diferentes, que contam a história das comunidades. 62 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8