STREET STYLE - CAPA
Todo material utilizado no curso é doado pelo
Salgueiro e provém de roupas e carros alegóricos
usados no desfile do ano passado. O trabalho de
criação tem a orientação de Ümit Esbulan, 27, estilista
de origem turca, criado na Alemanha e formado no
Departamento de Moda da Royal Academy of Fine
Arts de Antuérpia, na Bélgica. Mesmo sem falar uma
palavra me português, o professor consegue se
entender com as alunas e passar os conceitos
fundamentais da moda. O talento de costureiras e
estilistas não fica restrito aos limites das comunidades.
É o caso as sócias da marca Retalhos Cariocas,
empresa formada na Barreira do Vasco eu confecciona
bolsas e acessórios reaproveitando materiais. Maria de
Fátima, 66, e sua filha Silvia Oliveira, 35, são
moradoras e iniciaram o projeto três anos atrás, como
forma de aumentar a renda familiar e de outras
mulheres da comunidade, que receberam capacitação
em corte e costura. “Nós sempre corremos muito
atrás para que tudo funcionasse bem. Mas o primeiro
espaço que conseguimos ficava ao lado de uma boca
de fumo. Isso começou a afugentar as clientes”,
recorda a mãe. O negócio mudou de local e, após a
chegada da UPP à região, elas tiveram mais
tranquilidade para trabalhar e receber a freguesia. O
talento da dupla conquistou os representantes da
moda do Rio de Janeiro. No ano passado, elas foram
convidadas a fazer a decoração do Circuito Moda
Carioca, evento que reuniu mais de 50 empresas da
área fashion. A moda e a pacificação também podem
vencer preconceitos e unir lados opostos. Foi o que
aconteceu com as estudantes Maisa Julia Ribeiro, 16, e
Larissa Helena Luiz Brito, 17, moradoras do Batan e
do Fumacê, respectivamente. Antes da instalação da
UPP nas comunidades, era impensável as duas serem
amigas, muito menos lançar um projeto juntas. No
entanto, hoje elas exibem com orgulho a marca criada
pelas duas: Charme Favela. “Eu nunca tinha entrado
no Batan, tinha medo dos traficantes, mas aí minha
mãe me convenceu a vir para participar do projeto.
Resisti um pouco, mas hoje vivo mais aqui do que no
Fumacê”, confessa Larissa. O projeto foi criado pela
agência de Redes para a Juventude, patrocinada pela
Petrobrás, que financiou a criação da grife.
Atualmente, a Charme Favela produz camisas que
unem Batan e Fumacê. São diversas estampas
diferentes, que contam a história das comunidades.
62 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 201 8