Afinal, quem um dia poderia imaginar que
comunidades antes dominadas pelo tráfico de drogas
se tornariam palco de experiências tão originais no
universo da moda?
A chegada da paz a essas regiões resgatou talentos e
fez brotar novas promessas. Sem medo de represálias
e com a tranquilidade dos novos tempos de paz,
muitas iniciativas começaram a surgir, abrindo
caminho para que novos artistas mostrassem ao
mundo as suas criações.
Prova disso é o EcoModa, projeto da Secretaria de
Meio Ambiente que já formou 424 alunos da
Mangueira em pouco mais de um ano de atividade.
Na edição atual, o curso reúne 150 alunos, que
participam de aulas de modelagem, corte e costura,
desenho, bordado e estamparia.
“O EcoModa faz parte de um trabalho de atuação em
comunidades pacificadas com projetos que, ao mesmo
tempo, deem perspectiva de emprego e renda aos
moradores, aliado a preservação ambiental, como o
tratamento dos resíduos sólidos”, explica Ingrid
Gerolimich, superintendente do Território e
Cidadania da secretaria.
Diversas parcerias são travadas para doações de
materiais que serão utilizadas nas produções do
EcoModa. Recentemente, as grifes Victor Hugo e
Animale doaram insumos para a confecção da
próxima coleção, que será apresentada como trabalho
de conclusão de curso da turma.
Outro projeto em destaque é o Projeto “Samba,
Moda e Sustentabilidade” que é uma iniciativa que
pretende dar visibilidade às criações de costureiras da
comunidade da tijuca, na Zona Norte do Rio. O
projeto é uma parceria da escola de samba Salgueiro
com a ONG franco-brasileira Moda Fusion e tem
como objetivo transformar a criatividade das
De Olho no Lixo - Projeto EcoModa -
Imagem Reprodução
Projeto EcoModa na Rocinha
Imagem Reprodução
mulheres e da nova geração de moradores em uma
importante fonte de renda.
“Nós queremos criar economias alternativas para
substituir aquela que foi retirada após a instalação das
UPPs, que é a economia da droga”, explica a
presidente do Moda Fusion, Andrea Fasanello.
“Nós trabalhamos com moda sustentável e trouxemos
nossa metodologia para que as costureiras do
Salgueiro criassem uma marca que corresse em
paralelo ao trabalho que muitas delas realizam na
escola de samba”, diz.
FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 61