Revista Amooreno Edição 01 - fev/2018 | Page 61

Afinal, quem um dia poderia imaginar que comunidades antes dominadas pelo tráfico de drogas se tornariam palco de experiências tão originais no universo da moda? A chegada da paz a essas regiões resgatou talentos e fez brotar novas promessas. Sem medo de represálias e com a tranquilidade dos novos tempos de paz, muitas iniciativas começaram a surgir, abrindo caminho para que novos artistas mostrassem ao mundo as suas criações. Prova disso é o EcoModa, projeto da Secretaria de Meio Ambiente que já formou 424 alunos da Mangueira em pouco mais de um ano de atividade. Na edição atual, o curso reúne 150 alunos, que participam de aulas de modelagem, corte e costura, desenho, bordado e estamparia. “O EcoModa faz parte de um trabalho de atuação em comunidades pacificadas com projetos que, ao mesmo tempo, deem perspectiva de emprego e renda aos moradores, aliado a preservação ambiental, como o tratamento dos resíduos sólidos”, explica Ingrid Gerolimich, superintendente do Território e Cidadania da secretaria. Diversas parcerias são travadas para doações de materiais que serão utilizadas nas produções do EcoModa. Recentemente, as grifes Victor Hugo e Animale doaram insumos para a confecção da próxima coleção, que será apresentada como trabalho de conclusão de curso da turma. Outro projeto em destaque é o Projeto “Samba, Moda e Sustentabilidade” que é uma iniciativa que pretende dar visibilidade às criações de costureiras da comunidade da tijuca, na Zona Norte do Rio. O projeto é uma parceria da escola de samba Salgueiro com a ONG franco-brasileira Moda Fusion e tem como objetivo transformar a criatividade das De Olho no Lixo - Projeto EcoModa - Imagem Reprodução Projeto EcoModa na Rocinha Imagem Reprodução mulheres e da nova geração de moradores em uma importante fonte de renda. “Nós queremos criar economias alternativas para substituir aquela que foi retirada após a instalação das UPPs, que é a economia da droga”, explica a presidente do Moda Fusion, Andrea Fasanello. “Nós trabalhamos com moda sustentável e trouxemos nossa metodologia para que as costureiras do Salgueiro criassem uma marca que corresse em paralelo ao trabalho que muitas delas realizam na escola de samba”, diz. FEVEREIRO 201 8 - REVISTA AMOORENO - 61