SUSTENTABILIDADE
A
pesar da mudança para uma economia de
experiências e serviços, os consumidores estão
comprando bens materiais a um ritmo sem prece
dentes. Na indústria da moda, a produção de ves
tuário deverá escalar 63% até 2030, pressionando
os recursos e os modelos de negócios existentes.
No primeiro relatório “Pulse of the Fashion
Industry”, divulgado em maio de 2017, a Global
Fashion Agenda e o Boston Consulting Group inci
taram as empresas de moda a adotar um modelo de
economia circular.
A sustentabilidade é um tema complexo para
o consumidor – muitas vezes, é difícil fazer escolhas
éticas, apesar das boas intenções. Os consumidores
continuam, também, com um apetite voraz pela fast
fashion (moda rápida).
“Ainda que a maioria dos consumidores
mais jovens afirme que a sustentabilidade e a ética
são critérios chave nas decisões de compra, o seu
comportamento sugere o contrário: menos de me
tade (48%) dos consumidores entre os 18 e os 24
anos recicla vestuário”, indica, ao WGSN, Helen
Mountney, diretorageral da consultora Kurt Sal
mon, que divulgou os resultados de uma pesquisa
junto de 2.000 consumidores britânicos em abril de
2017.
A pesquisa revelou ainda que as peças de
vestuário têm uma vida curta: mais da metade dos
‘millennials’ só usa um novo artigo durante um ano
e 25% usamno menos de seis meses antes de des
cartálo.
A reciclagem é uma via fundamental para as
marcas promoverem a economia circular e ajudar os
consumidores a navegar nas águas da sustentabili
dade. As fibras das peças recolhidas estão encon
trando o seu caminho de volta, estendendo a vida
útil do vestuário.
A britânica Marks & Spencer (M&S) lançou
o esquema de recolha de vestuário Shwop (aceitan
do qualquer tipo de têxtil) com o parceiro de soli
dariedade social Oxfam, em 2008, apresentandoo
nas lojas em 2012. Até à data, foram recolhidos
mais de 29 milhões de peças.
C
omo grupo, a H&M tem metas ambiciosas
em termos de sustentabilidade, asseverando que
usará exclusivamente materiais 100% reciclados ou
sustentáveis até 2030. A maioria das suas marcas
tem caixas de recolhimento de roupas nas lojas, in
centivando os consumidores com um voucher que
pode ser usado como pagamento parcial em futuras
compras.
De acordo com Elin Larsson, diretora de
sustentabilidade da escandinava Filippa K, as mar
cas precisam de ser consistentes, convenientes e
recompensar os clientes. Neste âmbito, a Filippa K
lançou o Collect, esquema de recolher para os arti
gos da marca, em março de 2015.
A M&S apresentou o Shwop Suit neste ou
tonoinverno. Com um preço de 149 libras (aproxi
madamente 168 euros), o terno masculino da linha
tem 55% de lã reciclada.
Dentro dos seus compromissos ecológicos, a
marca britânica pretende usar 25% de material re
ciclado em pelo menos 25% dos seus artigos de
vestuário e para o lar até 2025.
Já a espanhola Mango quer que, até 2022,
50% das suas peças de algodão tenham algodão
sustentável, enquanto continua a incorporar outros
materiais e processos ecológicos nas respectivas li
nhas. Como outras marcas de moda, a Mango lan
çou também uma coleçãocápsula de fibras
recicladas. A Mango Committed está atualmente na
sua segunda estação.
"Para as empresas que
ambicionam fechar o ciclo da
moda, os esquemas de recolher
são cruciais"
26 - JANEIRO 201 8 - AMOORENO