Revista Amooreno Edição 00 - jan/2018 | Page 26

SUSTENTABILIDADE A pesar da mudança para uma economia de experiências e serviços, os consumidores estão comprando bens materiais a um ritmo sem prece­ dentes. Na indústria da moda, a produção de ves­ tuário deverá escalar 63% até 2030, pressionando os recursos e os modelos de negócios existentes. No primeiro relatório “Pulse of the Fashion Industry”, divulgado em maio de 2017, a Global Fashion Agenda e o Boston Consulting Group inci­ taram as empresas de moda a adotar um modelo de economia circular. A sustentabilidade é um tema complexo para o consumidor – muitas vezes, é difícil fazer escolhas éticas, apesar das boas intenções. Os consumidores continuam, também, com um apetite voraz pela fast fashion (moda rápida). “Ainda que a maioria dos consumidores mais jovens afirme que a sustentabilidade e a ética são critérios chave nas decisões de compra, o seu comportamento sugere o contrário: menos de me­ tade (48%) dos consumidores entre os 18 e os 24 anos recicla vestuário”, indica, ao WGSN, Helen Mountney, diretora­geral da consultora Kurt Sal­ mon, que divulgou os resultados de uma pesquisa junto de 2.000 consumidores britânicos em abril de 2017. A pesquisa revelou ainda que as peças de vestuário têm uma vida curta: mais da metade dos ‘millennials’ só usa um novo artigo durante um ano e 25% usam­no menos de seis meses antes de des­ cartá­lo. A reciclagem é uma via fundamental para as marcas promoverem a economia circular e ajudar os consumidores a navegar nas águas da sustentabili­ dade. As fibras das peças recolhidas estão encon­ trando o seu caminho de volta, estendendo a vida útil do vestuário. A britânica Marks & Spencer (M&S) lançou o esquema de recolha de vestuário Shwop (aceitan­ do qualquer tipo de têxtil) com o parceiro de soli­ dariedade social Oxfam, em 2008, apresentando­o nas lojas em 2012. Até à data, foram recolhidos mais de 29 milhões de peças. C omo grupo, a H&M tem metas ambiciosas em termos de sustentabilidade, asseverando que usará exclusivamente materiais 100% reciclados ou sustentáveis até 2030. A maioria das suas marcas tem caixas de recolhimento de roupas nas lojas, in­ centivando os consumidores com um voucher que pode ser usado como pagamento parcial em futuras compras. De acordo com Elin Larsson, diretora de sustentabilidade da escandinava Filippa K, as mar­ cas precisam de ser consistentes, convenientes e recompensar os clientes. Neste âmbito, a Filippa K lançou o Collect, esquema de recolher para os arti­ gos da marca, em março de 2015. A M&S apresentou o Shwop Suit neste ou­ tono­inverno. Com um preço de 149 libras (aproxi­ madamente 168 euros), o terno masculino da linha tem 55% de lã reciclada. Dentro dos seus compromissos ecológicos, a marca britânica pretende usar 25% de material re­ ciclado em pelo menos 25% dos seus artigos de vestuário e para o lar até 2025. Já a espanhola Mango quer que, até 2022, 50% das suas peças de algodão tenham algodão sustentável, enquanto continua a incorporar outros materiais e processos ecológicos nas respectivas li­ nhas. Como outras marcas de moda, a Mango lan­ çou também uma coleção­cápsula de fibras recicladas. A Mango Committed está atualmente na sua segunda estação. "Para as empresas que ambicionam fechar o ciclo da moda, os esquemas de recolher são cruciais" 26 - JANEIRO 201 8 - AMOORENO