Revista Amooreno EDIÇÃO 13 - FEV19 | Page 45

moda se manter e pagar as suas contas são os acessórios (perfumes, óculos, maquiagens, calçados etc.) e as peças de prét-à-porter (pronto para usar, normalmente produzidas em larga escala). Novamente, a Semana de Alta Costura revelou uma apresentação, neste último mês de janeiro, entre as maisons históricas, conhecidas pelo seu savoir-faire tradicional, numerosas marcas internacionais e marcas ainda mais jovens e vanguardistas, como o japonês Yuima Nakazato, que regressou a passarela parisiense com a sua “alta costura digital”, depois de ter estado ausente em julho de 201 8. O programa oficial dedicado às coleções para a Primavera/Verão 201 9 recebeu, de segunda 21 a quinta-feira 24 de janeiro, 31 casas contra 34 em julho passado, com três dias intensos seguidos por um meio dia de desfiles. Ao lado de grandes nomes, o desfile da Balmain Paris foi, sem dúvida, a atração principal da semana. A maison fez o seu grande regresso à passarela da alta costura após 1 6 anos de ausência. O diretor criativo – e agora couturier – da casa, Olivier Rousteing, convidou apenas 1 30 pessoas para a novíssima loja da Balmain na rue Saint- Honoré, em frente ao endereço mais na moda da cidade, o Hôtel Costes. Olivier Rousteing é um criador muito talentoso, que construiu uma sólida reputação e conquistou uma grande fatia de mercado – a Maison anunciou 200 milhões de dólares em receitas este ano, com o seu estilo brilhante, sexy e rico em bordados. Para a alta costura, Rousteing concentrou-se muito mais na modelagem das peças, mergulhando nos arquivos da casa para desenhar formas esculturais. No entanto, no final de contas, deu muitas vezes, a impressão de se ter inspirado mais no futurismo do início dos anos 1 960 e na moda grandiosa de um Pierre Cardin ou de um Yves Saint Laurent. Tudo começou muito bem, com vestidos e casacos sinuosos em seda marfim, decorados com pérolas enormes e até carteiras com monograma em forma de pérola, do tamanho de uma pequena bola de futebol. Rousteing cortou vestidos em forma de bolhas e até imaginou um terno branco que aprecia feito de penas de águia enceradas. Havia saias em malha de lã bouclée, vestidos de noite em estilo medieval e blusas feitas de leques verticais e impressas com padrões abstratos em tons pastel. Tudo concluído com lantejoulas Swarovski (foram utilizadas mais de um milhão, em toda a coleção). Se tudo isto pareceu um pouco complicado, é porque efetivamente foi. Se os grandes volumes eram intrigantes, muitas vezes, uma dobra final, um ângulo ou uma extensão era demasiado. Olivier tratou, obviamente, a alta costura como um laboratório, mas muitas das suas experiências, simplesmente, não funcionaram. Este evento foi, portanto, um renascimento alegre, mas um pouco difícil. Embora a Semana da Alta Costura tenha sido enriquecida com duas novas marcas, Balmain e Yuima Nakazato, o evento perdeu, por outro lado, cinco nomes que figuraram no calendário de julho de 201 8. Começando com o designer marroquino Noureddine Amir, que havia feito a sua notável entrada na passarela da alta costura parisiense na última temporada, e a criadora francesa Adeline André, que não desfila todas as temporadas no calendário da alta costura. Outra ausência foi a designer de origem russa, nascida em Tel Aviv, Galia Lahav, que é especializada em vestidos de noite e de casamento, o italiano Maurizio Galante, instalado em Paris desde 1 996, e a Fendi, que habitualmente desfila em julho com a sua coleção de peles invernal. Balmain SS1 9 FEVEREIRO 2019 - REVISTA AMOORENO - 45