Revista Amooreno EDIÇÃO 13 - FEV19 | Page 44

O UNIVERSO DA ALTA COSTURA EM PARIS O Sindicato da Alta Costura existe desde 1 868, em Paris e foi criado por uma associação de artesãos, e é, através dessa instituição, que são determinadas as grifes que podem usar o termo Alta Costura (Haute Couture, em francês), que é sinônimo de excelência no trabalho efetuado. O termo Alta Costura tem a função de preservar as técnicas artesanais de corte e costura através dos tempos. O termo foi usado pela primeira vez, em referência ao trabalho do inglês Charles Frederick Worth, que fez, em 1 858, o seu primeiro desfile de moda, em Paris. Não é fácil fazer parte deste seleto grupo. Na época da segunda guerra mundial, criou-se uma série de exigências para preservar a alta costura na França, porque Hitler queria que ela migrasse para a Alemanha. Nessa época, para fazer parte do sindicato, não bastava fazer roupas sob medida e ter a empresa sediada em Paris. Era preciso que o ateliê fosse localizado no famoso “Triângulo de Ouro” (É considerado o centro nevrálgico das compras de luxo em Paris. Composto pelas avenidas Montaigne, George V e Champs-Élysées. A área concentra as marcas mais exclusivas da alta costura do mundo.) e, em prédio próprio, com no mínimo de 20 funcionários e 50 looks por temporada. E essas exigências duraram até o ano de 2001 . Hoje, o número de funcionários e looks não são mais prioridades, mas o luxo e a exclusividade ainda são essenciais. Alguns funcionários do Sindicato da Alta Costura analisam as grifes, por temporadas consecutivas e procuram códigos estéticos, bem estabelecidos e a política de exportação que funcionem. Atualmente, as grifes que são membros permanentes são: Chanel, Christian Dior, Christian Lacroix, Jean Paul Gaultier e Givenchy. Estas grifes são as únicas que podem ter o termo “Haute Couture” associado ao seu nome. Também existem aquelas grifes que são denominadas “correspondentes”, que representam perfeitamente a alta costura em seus países com um endereço oficial. São elas: Valentino e Giorgio Armani (Itália), Martin 44 - REVISTA AMOORENO - FEVEREIRO 2019 Balmain SS1 9 Margiela (Bélgica) e Elie Saab (Líbano). E existem os “convidados”, entre eles o brasileiro Gustavo Lins. Esses convidados fazem um prét-à- porter de luxo com know-how de alta costura. Se o sindicato achar que uma coleção destes designers convidados não foi o esperado, eles cancelam o convite. Foi o que aconteceu com o brasileiro Ocimar Versolato, que participou da lata costura apenas em 2004. Para garantir que a qualidade do trabalho dos artesãos e estilistas da alta costura nunca caia, o sindicato mantém uma escola, desde 1 928, com um curso de estilismo e modelagem para costureiros e criadores que quiserem tentar entrar nesse ramo. O mundo da alta costura envolve muito dinheiro. Um vestido pode custar até mais de 300 mil dólares. Os desfiles são fechados, apenas jornalistas, fotógrafos e 200 pessoas, normalmente as mais ricas do mundo, que assistem aos desfiles e depois de escolher o modelo de roupa, têm a mesma feita sob medida e seguindo todas as regras definidas da alta costura. Cada vestido é único. Nunca haverá um vestido igual para outra pessoa. E o tempo de demora para a elaboração do vestido, leva-se meses, pois as costuras são todas feitas à mão. A alta costura é uma vitrine para as marcas, mas elas não sobrevivem somente da alta costura, pois os clientes são poucos. O que faz uma grife de