Será que no futuro ainda continuaremos a nos importar com a
beleza? Não sei. O que eu sei é que vem crescendo o número de
pessoas que estão em uma transição valiosa, deixando de serem
objetos de modismo e se tornando sujeitos deles próprios. Belezas
mais naturais, mais variadas e mais humanas que mostram as
caras e os corpos, em incontáveis selfies e em tutoriais do
YouTube. Uma pluralização das referências de padrões de beleza.
No universo das causas das ‘belezas’, as minorias não são uma
questão de quantidade, e sim de gosto. Organizadas, estão
ampliando a diversidade. Os iguais se encontram, se organizam e
ganharam voz. Estão ampliando a diversidade de opiniões e
fazendo com que a tal “opinião pública” (opinião da maioria) perca a
força. Nosso tempo, ainda é de opiniões públicas. Assim mesmo, no
plural.
Definir minorias no universo da beleza, no entanto, é difícil.
Principalmente, em uma época em que ser belo, o mais belo
possível, não é apenas um direito, é sim, um dever.
E, pouco a pouco, a indústria da moda vai entendendo esse imenso
universo de possibilidades estéticas. Forma surgindo nas
passarelas de muitos estilistas, as negras, as curvilíneas e
maduras, amputadas, trans, albinos e retintos, meninos e meninas
com gêneros e aparências pouco convencionais, de etnias e
biótipos “fora do padrão”. Agora, todos são bem-vindos.
O movimento ganhou manifestações pontuais em alguns desfiles
alternativos, como os de Rick Owens e Vetements, em Paris, e
também, um novo impulso, nas passarelas brasileiras como da
Uma, Ronaldo Fraga, Fernanda Yamamoto e Amapô.
Não existe mais uma comunicação unilateral em que só as marcas
e editores são ouvidos. Agora, o público também é, e causa um
burburinho tremendo nas redes sociais e nas passarelas.
Não param de surgir marcas plus size e empresas de produtos para
negros. Agências especializadas em modelos mais velhos e que
marcam presença em passarelas, editoriais e fotos publicitárias.
SETEMBRO 2018 - REVISTA AMOORENO - 21