Revista Amooreno Edicão 08 - SET18 | Page 21

Será que no futuro ainda continuaremos a nos importar com a beleza? Não sei. O que eu sei é que vem crescendo o número de pessoas que estão em uma transição valiosa, deixando de serem objetos de modismo e se tornando sujeitos deles próprios. Belezas mais naturais, mais variadas e mais humanas que mostram as caras e os corpos, em incontáveis selfies e em tutoriais do YouTube. Uma pluralização das referências de padrões de beleza. No universo das causas das ‘belezas’, as minorias não são uma questão de quantidade, e sim de gosto. Organizadas, estão ampliando a diversidade. Os iguais se encontram, se organizam e ganharam voz. Estão ampliando a diversidade de opiniões e fazendo com que a tal “opinião pública” (opinião da maioria) perca a força. Nosso tempo, ainda é de opiniões públicas. Assim mesmo, no plural. Definir minorias no universo da beleza, no entanto, é difícil. Principalmente, em uma época em que ser belo, o mais belo possível, não é apenas um direito, é sim, um dever. E, pouco a pouco, a indústria da moda vai entendendo esse imenso universo de possibilidades estéticas. Forma surgindo nas passarelas de muitos estilistas, as negras, as curvilíneas e maduras, amputadas, trans, albinos e retintos, meninos e meninas com gêneros e aparências pouco convencionais, de etnias e biótipos “fora do padrão”. Agora, todos são bem-vindos. O movimento ganhou manifestações pontuais em alguns desfiles alternativos, como os de Rick Owens e Vetements, em Paris, e também, um novo impulso, nas passarelas brasileiras como da Uma, Ronaldo Fraga, Fernanda Yamamoto e Amapô. Não existe mais uma comunicação unilateral em que só as marcas e editores são ouvidos. Agora, o público também é, e causa um burburinho tremendo nas redes sociais e nas passarelas. Não param de surgir marcas plus size e empresas de produtos para negros. Agências especializadas em modelos mais velhos e que marcam presença em passarelas, editoriais e fotos publicitárias. SETEMBRO 2018 - REVISTA AMOORENO - 21