flexibilização da operação das máquinas e das linhas
produtivas, tornando mais fácil entregar valor para os
consumidores.
O interessante da quarta revolução industrial é que ela
está agregando diversas tecnologias novas ao processo
produtivo. Além da Indústria 4.0 e da automação, outras
tecnologias que já começaram a revolucionar o setor da
moda. Hoje, temos o desenvolvimento de novos
materiais e de proteínas que permitem a criação de fios
mais resistentes baseados na teia de aranha. A
nanotecnologia está permitindo que uma empresa
possa conferir, para um tecido, características e
funcionalidades adicionais, fazendo com que os tecidos
já tenham inseticidas embarcados ou propriedades
antibactericidas.
Esses novos materiais e tecidos abrem uma nova frente
de criatividade para estilistas e modelistas. O mesmo
acontece com novos processos de manufatura, como é
o caso da manufatura aditiva, que a maioria conhece
como impressão 3D.
Conforme ocorreu nas revoluções industriais anteriores,
com a Indústria 4.0 as novas tecnologias determinam
as mudanças e também influenciam a sociedade.
Dessa forma, os consumidores, muito melhor
informados, mais conectados e com acesso a um
volume maior de informações, também qualificam os
seus níveis de exigência. Agora, cada vez mais
pessoas que compram produtos têxteis e de vestuário
querem se sentir atendidos em suas necessidades e
expectativas individuais. Eles querem ser ouvidos e
entendidos por suas marcas preferidas, algo motivado
pela comunicação direta permitida pela internet.
Assim, a Indústria 4.0 exige que o setor da moda seja
muito mais responsivo do que ele já foi capaz de ser
anteriormente, e um dos efeitos práticos da Indústria
4.0 é que ela impulsiona a criação de empresas
focadas em nichos da moda. Apesar de esses nichos
serem pequenos em um primeiro momento, como no
mundo existem bilhões de habitantes, certamente estes
nichos propiciam diversos e ricos ambientes de
negócios.
Ainda que as novas tecnologias tornem mais fácil a
personalização da moda, ela não basta para uma
empresa se essa marca não estiver trabalhando com o
nicho certo. A confecção tem que trabalhar com o
indivíduo, com as necessidades que ele tem.
Outra fronteira interessante de mudança permitida pela
Indústria 4.0 é a que revê os produtos sob a ótica da
sustentabilidade. Agora, um estilista e um modelista não
devem pensar na peça de vestuário apenas como um
item funcional, que será vestido e utilizado por um
tempo pelo consumidor; o processo de criação deve
levar em conta toda a cadeia produtiva, incluindo a
matéria-prima, o descarte daquele item e o seu
reaproveitamento.
Neste cenário, o produto tem que ser criado para vestir,
para se conectar emocionalmente com o público da
marca, mas também ser criado para ser sustentável. No
fim, ele deverá ser reciclado respeitando todas as
exigências internas de segurança da empresa e a
felicidade da equipe que está envolvida no
desenvolvimento daquela peça.
Todo esse novo cenário para a moda propiciado pela
tecnologia faz com que a autenticidade das marcas
ceda espaço para a valorização da autenticidade do
consumidor. A marca, dessa forma, passa a viabilizar
que o consumidor seja autêntico por meio dela.
Muitas profissões e funções ainda serão criadas pela
Indústria 4.0, mas já é possível apontar algumas
qualidades que os profissionais que querem trabalhar
nesta quarta revolução industrial precisam ter, e devem
estar super preparados.
Diversos especialistas e estudos apontam as direções
que o profissional deve seguir para estar pronto para
esse novo momento da indústria. No Brasil, assim como
em outros países, as entidades envolvidas com essa
área sabem da necessidade de investir em educação,
formação e aperfeiçoamento dos profissionais.
Uma das tendências é que, no futuro (não muito
distante), ainda que as funções repetitivas sejam
realizadas por robôs, isso não irá significar redução do
número de funcionários; a diferença é que os
colaboradores passarão a ocupar muito mais funções
estratégicas e de controle de processos e de projetos.
A Indústria 4.0 exige um novo profissional, que além de
ter as habilidades técnicas para operar toda a
tecnologia implantada, tenha atitudes especiais para
gerenciar os processos das fábricas inteligentes. Esse
profissional deve se acostumar a sair da zona de
conforto. Apesar de todas as dificuldades e desafios
inerentes ao seu trabalho cotidiano, o profissional deve
estar disposto a aprender mais e a aprender sempre,
conhecendo mais do que a sua função inicial e
ampliando a visão para entender o fluxo da empresa e
da cadeia produtiva da moda. Deve assumir uma
postura de querer fazer, de propor soluções para
AGOSTO 2018 - REVISTA AMOORENO - 23