Revista Amooreno Edicao 07 - AGO2018 | Page 23

flexibilização da operação das máquinas e das linhas produtivas, tornando mais fácil entregar valor para os consumidores. O interessante da quarta revolução industrial é que ela está agregando diversas tecnologias novas ao processo produtivo. Além da Indústria 4.0 e da automação, outras tecnologias que já começaram a revolucionar o setor da moda. Hoje, temos o desenvolvimento de novos materiais e de proteínas que permitem a criação de fios mais resistentes baseados na teia de aranha. A nanotecnologia está permitindo que uma empresa possa conferir, para um tecido, características e funcionalidades adicionais, fazendo com que os tecidos já tenham inseticidas embarcados ou propriedades antibactericidas. Esses novos materiais e tecidos abrem uma nova frente de criatividade para estilistas e modelistas. O mesmo acontece com novos processos de manufatura, como é o caso da manufatura aditiva, que a maioria conhece como impressão 3D. Conforme ocorreu nas revoluções industriais anteriores, com a Indústria 4.0 as novas tecnologias determinam as mudanças e também influenciam a sociedade. Dessa forma, os consumidores, muito melhor informados, mais conectados e com acesso a um volume maior de informações, também qualificam os seus níveis de exigência. Agora, cada vez mais pessoas que compram produtos têxteis e de vestuário querem se sentir atendidos em suas necessidades e expectativas individuais. Eles querem ser ouvidos e entendidos por suas marcas preferidas, algo motivado pela comunicação direta permitida pela internet. Assim, a Indústria 4.0 exige que o setor da moda seja muito mais responsivo do que ele já foi capaz de ser anteriormente, e um dos efeitos práticos da Indústria 4.0 é que ela impulsiona a criação de empresas focadas em nichos da moda. Apesar de esses nichos serem pequenos em um primeiro momento, como no mundo existem bilhões de habitantes, certamente estes nichos propiciam diversos e ricos ambientes de negócios. Ainda que as novas tecnologias tornem mais fácil a personalização da moda, ela não basta para uma empresa se essa marca não estiver trabalhando com o nicho certo. A confecção tem que trabalhar com o indivíduo, com as necessidades que ele tem. Outra fronteira interessante de mudança permitida pela Indústria 4.0 é a que revê os produtos sob a ótica da sustentabilidade. Agora, um estilista e um modelista não devem pensar na peça de vestuário apenas como um item funcional, que será vestido e utilizado por um tempo pelo consumidor; o processo de criação deve levar em conta toda a cadeia produtiva, incluindo a matéria-prima, o descarte daquele item e o seu reaproveitamento. Neste cenário, o produto tem que ser criado para vestir, para se conectar emocionalmente com o público da marca, mas também ser criado para ser sustentável. No fim, ele deverá ser reciclado respeitando todas as exigências internas de segurança da empresa e a felicidade da equipe que está envolvida no desenvolvimento daquela peça. Todo esse novo cenário para a moda propiciado pela tecnologia faz com que a autenticidade das marcas ceda espaço para a valorização da autenticidade do consumidor. A marca, dessa forma, passa a viabilizar que o consumidor seja autêntico por meio dela. Muitas profissões e funções ainda serão criadas pela Indústria 4.0, mas já é possível apontar algumas qualidades que os profissionais que querem trabalhar nesta quarta revolução industrial precisam ter, e devem estar super preparados. Diversos especialistas e estudos apontam as direções que o profissional deve seguir para estar pronto para esse novo momento da indústria. No Brasil, assim como em outros países, as entidades envolvidas com essa área sabem da necessidade de investir em educação, formação e aperfeiçoamento dos profissionais. Uma das tendências é que, no futuro (não muito distante), ainda que as funções repetitivas sejam realizadas por robôs, isso não irá significar redução do número de funcionários; a diferença é que os colaboradores passarão a ocupar muito mais funções estratégicas e de controle de processos e de projetos. A Indústria 4.0 exige um novo profissional, que além de ter as habilidades técnicas para operar toda a tecnologia implantada, tenha atitudes especiais para gerenciar os processos das fábricas inteligentes. Esse profissional deve se acostumar a sair da zona de conforto. Apesar de todas as dificuldades e desafios inerentes ao seu trabalho cotidiano, o profissional deve estar disposto a aprender mais e a aprender sempre, conhecendo mais do que a sua função inicial e ampliando a visão para entender o fluxo da empresa e da cadeia produtiva da moda. Deve assumir uma postura de querer fazer, de propor soluções para AGOSTO 2018 - REVISTA AMOORENO - 23