Revista Amooreno Edicao 07 - AGO2018 | Page 14

43 ª EDIÇÃO DA CASA DOS CRIADORES

Na 43 ª edição da Casa dos Criadores , os direitos e representatividade negra e trans , a cultura underground e a sustentabilidade foram temas pertinentes nos desfiles , e através da moda foi dada a mensagem onde a nova geração de estilistas colocou política , questões de raça e gênero na passarela . Em cinco dias , 24 marcas apresentaram suas coleções ajudando a esboçar o que deve ser o que deve ser o futuro da moda brasileira voltado para causas ligadas a diversidade , feminismo e direitos LGBT . Em termos de negócio , essa nova era é capitaneada por marcas " pequenas ", de menor difusão , que têm as redes sociais como principal canal de comunicação e vitrine , que experimentam modelos de comercialização alternativos , como a produção sob encomenda e a venda direta ao consumidor-seguidor pelo WhatsApp ou Instagram . " Eles têm um tamanho que é muito adequado , não dão passos maiores que a perna e ao mesmo tempo querem vender , têm uma história comercial bastante resolvida ", avalia André Hidalgo , o diretor do evento . Criativamente falando , outra característica dessa geração de marcas e estilistas é o ativismo , um engajamento em pautas antes incomuns ao ambiente da moda . Essa " subversão " surge nos castings de modelos com gente de estaturas , pesos , cores , etnias e identidades de gênero variado , nos assuntos sobre o qual tratam os desfiles , e na forma de apresentá-los ... Um dos melhores exemplos é o Brechó Replay . A marca mostrou personagens de uma escola imaginária onde não há bullying e alunos de química , bruxas , clubbers e skatistas , se vestem e se divertem livremente desfilando sobre carteiras em roupas vintage retrabalhadas ( o chamado upcycling ) na hora do recreio . A cultura gay foi assunto recorrente . A população LGBT em situação de rua foi a inspiração da coleção utilitária do estilista Weider Silveiro , enquanto Xica Manicongo , considerada uma das primeiras travestis brasileiras , inspirou a coleção afro-street de Isaac Silva . Rafael Caetano mostrou roupas que faziam uma ode aos personagens da Chueca madrilenha e da rua Frei Caneca paulistana , redutos LGBT , com roupas esportivas , sexy e glamourosas . O carioca Fernando Cozendey fez um dos mais perturbadores desfiles da temporada , tratando do

espinhoso tema do abuso infantil numa coleção " sem cor ", toda em bege , em que opôs volumes fofos e transparências que expunham os corpos das modelos . A Ken-gá Bitchwear , estreante dessa edição , foi no caminho oposto . Fez uma apresentação bemhumorada em que homenageou Elke Maravilha , com mulheres e drags de diferentes tipos em roupas de caráter performático ( macacões e bodies metalizados , transparentes , cheios de franjas ). Outro destaque da Casa de Criadores foi Alê Brito , um dos estilistas da equipe da Ellus , que mostrou uma coleção em que misturou florais kitsch , vestidos sexy , alfaiataria urbana e jeans .
14 - REVISTA AMOORENO - AGOSTO 2018