Revista Amazônia Nativa #2 | Page 7

Foto : Adriano Gambarini
exemplo a falta de existência de uma estrutura , de uma política . As pessoas se deram conta e viram que eu fazia diferença quando eu entrei no movimento de luta para a retomada do território do meu povo , do Kaxuyana- Tunayana . É um processo super longo que tem uma história muito violenta com o meu povo , com a minha família . Foi nessa oportunidade que eu saí do movimento local , do dia a dia , para fora . Isso ocorreu no fim de 1990 , mas nos anos 2000 , mais precisamente 2003 , a gente externa esse movimento de reivindicar nosso direito territorial . Foi assim meu início no movimento indígena , e estou aqui nesse espaço para poder externar essa voz , sem medo , com coragem e sem travar . Digo isso , pois durante o processo as pessoas e as coisas geralmente são feitas para te travar , para te retrair , para te fazer
acreditar que você está no espaço errado . E eu nunca acreditei que eu estou no espaço errado . Isso fez a diferença da minha pessoa , por exemplo , para minhas irmãs . Elas estão na aldeia , têm um outro movimento de luta , mas não como esse que eu tenho para fora .
Existem muitos não indígenas ocupando espaços de representação indígena . Como mudar esse cenário ?
Existem duas coisas que as pessoas não dão conta de enxergar : educação indígena não é sinônimo de de educação escolar indígena . Há uma resistência dos profissionais da educação em compreender e aceitar essa educação indígena . Vários líderes , vários professores indígenas têm o papel de construção dessa política , para que o Estado possa de fato respeitar essa