Revista Amazônia Nativa #2 | Page 8

diversidade , que possa levar em consideração essa diversidade de cada povo para a construção de uma educação escolar dentro das aldeias . Mas , na prática , ela não é executada . Tem uma forçação de barra de que o modelo de educação escolar indígena dos não indígenas é o ideal , é o melhor , é o que deve ser seguido e estruturado . E há uma resistência muito grande , não só por parte do Estado , mas pelos profissionais indígenas , de reconhecer que a educação indígena tem uma outra pegada . Inclusive , os professores enfrentam muita dificuldade para que sua grade curricular seja de fato respeitada , enquanto aquela população . Não há esse entendimento , não há essa sensibilidade . A sociedade não indígena força que sua forma de organização , sua forma de educação , sua forma de decidir é melhor para todo o mundo . É não respeitar a diversidade , é não aceitar . A sociedade brasileira tem uma resistência de aceitar a as diferenças , a diversidade no país .
Todo mundo tem que parecer igual aos brancos . A sociedade ideal são os karawa , não índígenas brancos . Quem não seguir o padrão não é considerado parte dessa sociedade . E tudo que é diferene incomoda e é colocado como inferior . E isso reflete totalmente na violência da educação escolar imposta nas aldeias . Mesmo que existam pessoas com capacidade para construir uma política de educação diferenciada . Temos o super renomado Gersem Baniwa e a professora Chiquinha Paresi , que são as referências que estão discutindo esses modelos . A educação escolar que os Paresi usam em Mato Grosso não necessariamente serve para o meu povo , no Pará . Existe uma política , mas na prática ela não é seguida . É sempre o modelo escolar do branco , com histórias totalmente distorcidas e tudo em língua estrangeira . Você é obrigado a ler e escrever em uma língua que não é sua . A educação indígena deveria ser , de fato , diferenciada , específica para cada povo .
Foto : Adriano Gambarini