A COLEÇÃO
Foto por Anais Moura
Modelo: Giovanna Serrão
A construção de uma nova forma de consumir
nasce a partir do rompimento de antigos hábitos.
Inicia-se uma nova maneira de produzir e escolher
tecidos. A estilista destaca a reutilização, o fa-
moso upcycling, como uma das principais formas de
permanecer produzindo moda com um menor impacto na
natureza, bem como o aproveitamento do lixo têxtil
que seria descartado e o ato de repensar a manei-
ra em que a matéria prima é cultivada, extraída,
e posteriormente descartada, no meio ambiente.
Fernanda se vê como responsável pela mudança
no consumo e meios de se fazer moda. Por isso,
“O Existir Invisível” visa uma criação conscien-
te dos efeitos de produção e pós-descarte, por
meio da utilização de materiais em sua grande
maioria provenientes do plástico, os quais es-
tavam prontos para serem descartados, mas foram
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ressignificados em looks que se tornaram verda-
deiros protestos contra a indústria que produz
em larga escala tecidos de difícil reciclagem.
A proposta da estilista foi traduzir de manei-
ra tátil e visual aspectos subjetivos da estética
dos catadores e acúmulos de lixo. Para isso, foram
utilizadas diversas referências a essa parcela
da sociedade, como o uso de luvas (símbolo da
relação de repulsa e afastamento), flores mortas
(o que Fernanda classificou como o inevitável, o
fim de tudo, e uma referência a própria natureza),
moldes e cores que remetem aos garis; e texturas
como o amassado, o qual faz alusão ao chorume e
sacos plásticos utilizados no comércio, material
que depois de pouco tempo de uso, tem como fim
certo o lixo. A