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O mundo é diferente da ponte pra cá No caso do Sarau Da Ponte Pra Cá, nenhuma edição é igual à outra, já que os artistas e formas de arte do evento estão sempre varian- do. A literatura, culinária, música e dança sem- pre se fazem presentes, mas já houveram exposi- ções de coleções de roupa, esculturas, grafite, artesanato e performances de grupos de teatro. Para Léu Britto, jornalista e fotógrafo que expôs sua coleção de fotos “4P - Poder Para o Povo Preto” na edição de abril-2019, movimentos culturais como o Sarau Da Ponte Pra Cá são im- portantes por conta de seu público heterogêneo, responsável por trazer para o evento muitas rea- lidades de vida e demonstrar a força do povo pe- Foto: Larissa Rocha riférico, negro, membros de uma resistência que busca afirmar sua arte e identidade publicamente. “O sarau é um lugar onde a gente pode compar- tilhar várias expressões, sentimentos, e ideo- logias, um lugar de cunho político aberto que recebe várias pessoas e tem essa pluralidade, já que cada um traz sua vivência”, afirma o artista. Em um país órfão de Ministério da Cultura e atacado constantemente por cortes no setor, o Sa- rau da Ponte Pra Cá e várias outras organizações culturais independentes estão aqui para mostrar que existe produção e consumo de arte na camada da sociedade colocada em segundo plano pelo go- verno brasileiro. A cultura nem sempre precisa ser elitista, ela está sendo produzida em todos os lugares por grupos que lutam pelo seu espaço de igualdade na justiça e mídia. Essa forma de arte choca, causa discussões e fala de temáti- cas que não estão na televisão, mas sim no árduo dia a dia da periferia. A 13