Por trás de todo grande
projeto, existe uma mulher
Thatá Alves é mãe solo de gêmeos, feminis-
ta e autora de três livros: “Em Reticências”,
“Troca” e “Ibejis - poesia do meu ventre”, todos
publicados pela Academia Periférica das Letras.
Diante de uma carreira tão próspera na litera-
tura não há indícios de que Thatá não tenha sido
amante da leitura desde os tempos da escola.
Não foi assim. “Não tinha nada que me trouxesse
semelhança nos textos, em poucos pude ver equi-
dade de realidade, nunca me foram apresentadas
escritoras como eu, pobre, preta. Cora Cora-
lina me falava de borboletas, lagos, cisnes,
e minha realidade era córrego, rato, morro”.
A literatura se tornou presente na vida
da escritora quando conheceu obras de mulhe-
res como Carolina Maria de Jesus, Miriam Alves,
Esmeralda Ribeiro e Cidinha da Silva. A par-
tir desse momento, o ato de escrever se tornou
o psicólogo de uma menina que sofria com as
brigas entre os pais por causa do alcoolismo.
Hoje, aos 27 anos, Thatá também é militante de
questões raciais e feministas - e tudo começa em
casa: como mãe de dois meninos de 8 anos, ela educa
seus filhos para respeitar as mulheres. Para isso,
Thatá expõe aos gêmeos o quanto são desagradáveis
atitudes como as cantadas que recebe nas ruas,
conduta tomada por muitos homens que se queixam
quando questionados, já que grande parte da so-
ciedade ainda considera o ato como inofensivo.
O engajamento de Thatá vai além de sua li-
teratura. A escritora tem investido em produ-
ções audiovisuais das suas obras, e participa
ativamente de um coletivo de mulheres negras
que performam suas poesias e resgatam sua an-
cestralidade, o chamado “Sarau das Pretas”.
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O feminismo só opera em nossas bolhas. Os
homens que andam conosco, que ouvem fa-
lar de nossos atos e ações, aprendem a res-
peitar. Mas a maioria dos homens não com-
parece aos espaços feministas, não querem
ouvir e aprender, se julgam auto-suficientes.
Então para que a melhora seja de fato senti-
da na sociedade, ainda andaremos milhas
Foto: Larissa Rocha
”