Revista Advocacia Edição nº 02, ano I | Page 19

TRANSPARÊNCIA E RESPONSABILIDADE Presidente da OAB-ES investe em soluções criativas e percorre o estado para ouvir advocacia O presidente da Seccional capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), José Carlos Rizk Filho, se- guia para João Neiva, no norte do estado, quando inter- rompeu a viagem para conceder a presente entrevista por telefone. No dia seguinte teria reuniões em Monta- nha, Mucurici e Boa Esperança. Tem sido assim desde que assumiu o cargo no início de 2019. Pelo menos a cada dez dias percorre os municípios do interior para ou- vir as demandas da advocacia e cumprir uma quase sem- pre extensa agenda de compromissos. Segundo disse, a estratégia lhe permite estreitar o diálogo com a classe. “Essa presença é essencial porque se ficar somente em Vitória não posso compreender a realidade do dia a dia, de norte a sul”, comenta. Na conversa também discorre sobre realizações e metas. Como o senhor avalia o primeiro ano à frente da OAB- -ES? Bom, na verdade o primeiro cargo que exerci na OAB-ES foi este, de presidente da Seccional. Então te- nho 2019 como um ano de vitórias significativas, mas principalmente de experiência. Trata-se de ser humilde para ouvir os diretores que têm mais conhecimento, compreender a máquina administrativa e gerir o desa- fio de não atrasar as contas, haja vista que assumimos com um caixa muito baixo. Mas isto, graças a Deus, não foi empecilho para que obtivéssemos avanços importan- tes. Em março, por exemplo, colocamos em pauta o lan- çamento do projeto “SOS Morosidade”. Implantado no mês seguinte, é um canal direto para reclamações sobre lentidão no andamento de processos do Judiciário do Es- pírito Santo e nos processos administrativos internos da própria OAB-ES. O mais recente levantamento da ou- vidoria da Seccional contabilizava duas mil reclamações de cidadãos e advogados. A maioria refere-se a ações que tramitam no Tribunal de Justiça do Espírito Santo. É algo que demandou um investimento considerável, mas, o mais importante, está sendo utilizado. Nosso objetivo é colaborar com o Judiciário, informando e alertando so- bre a morosidade exagerada em alguns casos. Creio ter sido um êxito grande. funciona, com frequência, por meio de voluntariado e incentivo. Dificilmente teríamos tanta produção se tivéssemos que pagar absolutamente tudo. Vou dar outro exemplo: o plantão de prerrogativas. Em Vitória temos advogados que se voluntariam para ficar com o celular ligado, atendendo a nossa classe. Não tem hora extra, não tem cargo nenhum. Então posso dizer que nosso desafio neste primeiro ano foi criar e executar projetos utilizando-se de valores muito baixos ou de voluntariado. O lançamento do Portal da Transparência foi um mar- co? O projeto vem da noção de que não se deve co- brar dos outros o que não se faz na própria casa. Creio ter sido um avanço. A maior crítica que uma entidade pode sofrer é de não ter transparência mínima. Se a OAB cobra transparência de estados e municípios tem que praticá-la. Com o portal tanto os advogados como os cidadãos têm acesso a absolutamente tudo que é realizado na Ordem. São informações completas de toda estrutura organizacional, bem como a discrimina- ção das despesas, números de advogados adimplentes e inadimplentes e os respectivos valores das receitas, tanto de forma geral, como o informado pelas Subse- ções. Além disso, disponibilizamos também informa- ções sobre os contratos firmados a partir do ano de 2019, remuneração dos funcionários e damos transpa- rência a todos os normativos internos. A reedição do REFIS correspondeu ao esperado? O Programa de Regularização Financeira teve ade- são substancial. Nossa meta é que o índice de inadim- plência diminua, no médio prazo, de 27% para 10%. Para isso seguimos a linha de dar oportunidade, in- centivar o adimplemento. Queríamos que o advogado que eventualmente estivesse em dificuldade tivesse a chance de pagar com desconto. Por esse motivo, antes de tomarmos medidas mais extremas como protesto, suspensão do direito de advogar e execução judicial, optamos por dar chance para que pudesse se regula- rizar. Mas, a partir do momento em que este não apa- receu, não renegociou, não sentou com a Seccional, infelizmente temos que tomar medidas menos inte- ressantes para a advocacia, mas que são necessárias. Ninguém quer que o advogado não advogue, mas ele deve entender que a Ordem precisa de sua contribui- ção para existir. Como foi possível investir com um caixa baixo? A OAB-ES é uma casa do voluntariado e isto faz mui- ta diferença. Vou dar um exemplo. Pouco depois do SOS Morosidade tivemos oportunidade de questionar, por meio de ação civil pública, o reajuste do pedágio na BR 101. Em qualquer escritório este tipo de ação alcança- ria um valor substancial. Mas a Ordem tem voluntariado qualitativo, mentes brilhantes que se prestam a ajudar e Como tem sido a adesão ao Programa Anuidade Zero? podem produzir peças que, em um escritório particular, O Anuidade Zero foi um desafio porque, em que poderiam alcançar valores de até R$ 100 mil. A OAB-ES pese a ideia ser simples, a implementação não era. ADVOCACIA 19