Porque decidir é preciso e a pessoa institucionalmente chamada para a tarefa é o juiz e a juíza; os impasses são sempre corrosivos, não raramente piores até que uma decisão ruim. A lei guia o magistrado, porém os espaços para interpretação são vastos – e não poderia ser diferente porque “a lei é morta, o juiz vivo”, como já coloquei aqui em outra coluna. Só uma pessoa pode tentar dar conta da complexidade dos fatos da vida de outra pessoa.
Deixar todos os que passam pelo sistema de justiça criminal presos, como o colega acrescentou à sua fala, não é factível, assim como não o é deixar de haver aviação civil ou não se operar mais ninguém. Seria certamente menos arriscado, mas nem se precisa dizer que o prejuízo é bem maior que o benefício da segurança. No todo.
No particular, se o risco, mesmo sendo pequeno, implementa-se, está-se diante de uma tragédia pessoal e o choque é inevitável, choque que, contudo, tem que resistir a se achar culpados. Parte da opinião pública não costuma ser boa nisso. Vão tentar achar culpados. Quer dizer, tentar não, já achar, no primeiro minuto, e com muita certeza, a parecer que a ela, sim, foi dada alguma “bola de cristal”