Revista ABREVIS Ed. 102 | Page 4

abrevis em revista TST faz audiência pública para debater terceirização de serviços O Tribunal Superior do Trabalho (TST) debateu, nos dias 4 e 5 de outubro passado, a terceirização de serviços. Para alguns magistrados, essa forma de contratação pode servir para precarizar a remuneração e demais direitos do trabalhador, o que consideram um disfarce ilegal adotado pelos empregadores para reduzir seus custos. O objetivo foi esclarecer dúvidas antes de julgar os mais de cinco mil processos de terceirização que estão na corte. Desde o anúncio da realização da audiência pública, o TST recebeu 221 pedidos de especialistas e instituições para exporem suas teses, dos quais 39 foram aceitos. Cerca de 700 pessoas participaram como ouvintes. Estiveram presentes, além dos Ministros do TST, o Procurador Geral do MPT, o Presidente Nacional da OAB e outras autoridades. Entre os presentes, muitos líderes sindicais patronais e laborais. De ambos os lados havia “profissionais” que as partes contrataram para defender suas posições, a tal ponto que alguém observou que os trabalhadores terceirizaram sua defesa. Iniciada a audiência no dia 4, o presidente do TST fez uma abordagem complexa e completa da Terceirização. Suas conclusões, no entanto, de acordo com os jornais, são contrárias à terceirização da atividade-fim. Argumentos dos trabalhadores Os contrários à terceirização, todos líderes sindicais ou profissionais contratados para discursar por entidades, insistiram em argumentar e dizer que terceirização equivalia a precarização através de: A - substituição de trabalhadores com emprego direto por terceirizados; B – redução de salário e benefícios; C – aumento de acidentes de trabalho. Alguns discursos apresentaram dados e deixavam aberta a possibilidade de acordo observada certas condições: A – manutenção dos empregos tradicionais; ABREVIS em revista |5| julho / agosto 2011 B – equiparação de condições do terceirizado aos demais trabalhadores; C- responsabilidade solidária. Não foi exposto no microfone, mas vários folhetos que circulavam exigiam que os terceirizados fossem associados ao sindicato da atividade fim, o que deixava claro a luta por poder e contribuições financeiras na disputa. Argumentos dos empresários Lívio Giosa, Presidente do Instituto PNBE de Desenvolvimento Social, explicou cientificamente a terceirização como relevante instrumento de gestão, sua inevitabilidade, a produtividade e a qualidade por ela produzida. Percival Maricato, Assessor Jurídico do SESVESP e Vice-Presidente da CEBRASSE – Central Brasileira do Setor de Serviços, procurou inserir sua fala em um contexto histórico. Citou economistas famosos, até Karl Marx e Adam Smith, tanto como os benefícios de quem tem carteira assinada – o que, ao contrário de que dizia, não era precarização. Deixou claro que os que são contra a terceirização, são contra o desenvolvimento das forças produtivas e ninguém conseguiu deter essas forças na história. Acrescentou que terceirização é irreversível, que o prejuízo a algumas categorias de trabalhadores tradicionais era compensado pelo enorme contingente de absorção de trabalhadores vindo do desemprego, da informalidade, os que procuravam o primeiro emprego, os idosos e tantos outros que, por falta de qualificação, não eram aceitos na atividade-fim. Pontuou que isso não era precarização, mas sim ascensão. Maricato também comparou a conduta dos sindicatos obreiros às corporações de ofício da idade média, que também tentaram manter privilégios (só eles podiam fazer produtos e o faziam artesanalmente) quando as forças produtivas do capitalismo nascente queriam crescer e se expandir, queriam fabricar produtos em série. Também citou várias estatísticas do IBGE,