Revista 90 anos de música caipira - rumo ao 100 Revista Musica Caipira_site | Page 6
A MÚSICA CAIPIRA
COMPLETA 90 ANOS:
a história desse gênero da
música popular brasileira
“Eu ando de pé no chão piso por cima da brasa
Quem não gosta de viola que não ponha o pé lá em casa
A viola está tinindo, o cantador tá de pé
Quem não gosta de viola, brasileiro bom não é
Chora viola”
Composição:
Lourival dos Santos / Tião Carreiro
A música caipira ganhou destaque no Brasil no ano
de 1929, e completa, neste ano de 2019, 90 anos de
história. O Clube do Violeiro Caipira preparou uma
série de homenagens durante a realização do Encontro
de Violeiros e Violeiras no Distrito Federal, uma delas
resulta na edição desta revista, que concebe uma
celebração a este marco na história da música brasileira.
A história da primeira gravação da música caipira,
Jorginho do Sertão, pela dupla Mariano e Caçula, data
de outubro de 1929, e registra o lançamento da primeira
moda de viola gravada no Brasil de forma emblemática.
Essa história tem início com Cornélio Pires, compositor,
jornalista, escritor, folclorista e importante etnógrafo
da cultura, nascido em 13 de julho de 1884, no Bairro de
Sapopemba, em Tietê, no estado de São Paulo. Filho de
Raimundo Pires e Anna Joaquina de Campos, Cornélio
Pires publicou seu primeiro livro, em 1910, o "Musa
Caipira", com enorme sucesso.
Ao longo de sua trajetória profi ssional, cercado de
anedotas, contos, músicas e vivências que retratavam
o meio caipira, Cornélio vislumbrou a relevância
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de registrar, e colocar em discos, todo a riqueza
desse universo. Empenhado nesse ideal, realizou
a gravação do primeiro disco, de 78 rotações, paga
de seu próprio bolso, pela gravadora Columbia que,
naquele momento, desacreditava no seu sucesso.
Os discos foram gravados, mas com uma restrição,
teriam selo vermelho e só poderiam ser vendidos
pelo próprio Cornélio. O fracasso anunciado, revelou-
se num grande sucesso de vendas de Cornélio e sua
Turma Caipira. Começava assim o interesse pelo
gênero por parte das gravadoras. Eram fi las de pessoas
na gravadora tentando adquirir os discos, diversas
reedições foram feitas, comprovando a grande
aceitação da música caipira no meio urbano. Assim,
por meio de sua inserção fonográfi ca, a música dos
caipiras começou a ser ouvida, potencializando, ainda
mais, seu espaço de infl uência cultural. O "Bandeirante
do Folclore Paulista", como fi cou conhecido Cornélio
Pires, gravou, de 1929 a 1930, 104 músicas em 52 discos
de 78 rotações, morrendo em São Paulo, aos 74 anos.
Falar da música caipira, de suas sementes, suas raízes,
seu suor, suas saudades e sua ternura, é reconhecer