S U E L E N
S E N A
Ú R S U L A
Úrsula
Títulodo livro: Úrsula e outras obras
Editora: Câmara dos Deputados
Ano: 2018
Número de páginas: 306
Autor (a): Maria Firmino dos Reis
OBS: Livro originalmente publicado em 1839, mas a edição
resenhada foi publicada em 2018
ÚRSULA
O romance foi escrito por Maria Firmino dos Reis, que assinou com pseudônimo de “Uma
maranhense”, estratégia muito utilizada pelas mulheres da época, pois, assim, tinham mais liberdade para
expressar suas emoções sem se preocuparem com opiniões ou sanções da sociedade, principalmente para
esta autora que explora as condições femininas e também as dos negros escravos.
A narrativa trata de uma trágica história de amor entre dois jovens: a pura Úrsula e o nobre
Tancredo. Supostamente é uma história clássica de amor impossível. Porém, logo se nota o tratamento
dado aos personagens negros, às mulheres e à escravidão, fazendo com que se perceba que as
preocupações no romance vão além das tramas puramente trabalhadas no período do Romantismo.
Mesmo tendo sido escrito nesse período literário, apresenta traços distintos dos romances produzidos nesta
época, principalmente no que se refere à construção das personagens escravas.
A narrativa se vincula a um primeiro triângulo amoroso formado por Adelaide, Tancredo e seu
pai. Esse triângulo termina com Tancredo indo embora. Então, surge um segundo triângulo amoroso
formado por Tancredo, Úrsula e seu tio, a moça que dá o nome do livro seria a perfeita imagem de
castidade e da pureza, pelo fato de viver em um ambiente simples e ter que cuidar de sua mãe enferma.
Por fim, vem a apresentação de três personagens negros que aparecem ao longo do livro, crescendo a
importância cada vez maior desse núcleo: Túlio, mãe Suzana e Antero. O drama dos escravos começa a
dividir o protagonismo da história, pois há capítulos específicos para cada um, no qual podem contar um
pouco de sua história, junto com o drama vivido por Úrsula. O livro começa a ganhar mais forma e impacto
na medida em que surgem os dramas dos escravos.
O primeiro capítulo se inicia com o jovem Túlio – escravo -, que salva a vida de Tancredo num
acidente, entre os dois cresce uma relação de amizade e respeito, e fica claro que Túlio não é inferior ao
branco, pois se coloca à disposição do branco por bondade e não por obrigação, assim sendo retratado
com as características de um herói - justo, corajoso e honesto -, diferentemente de Antero, escravo do
comendador. A autora faz um contraponto do caráter elevado de Túlio com o Antero, o qual é marcado
pelo vício da bebida alcoólica, mostrando outra faceta de escravo, aquele que não viu outra saída da
escravidão imposta, e para aplacar seu sofrimento, entregou-se ao vício.
Edição 1 - 2019 - Úrsula