Resenha da 301 ADM Resenha da 301 ADM | Page 42

S U E L E N S E N A Ú R S U L A Úrsula Títulodo livro: Úrsula e outras obras Editora: Câmara dos Deputados Ano: 2018 Número de páginas: 306 Autor (a): Maria Firmino dos Reis OBS: Livro originalmente publicado em 1839, mas a edição resenhada foi publicada em 2018 ÚRSULA O romance foi escrito por Maria Firmino dos Reis, que assinou com pseudônimo de “Uma maranhense”, estratégia muito utilizada pelas mulheres da época, pois, assim, tinham mais liberdade para expressar suas emoções sem se preocuparem com opiniões ou sanções da sociedade, principalmente para esta autora que explora as condições femininas e também as dos negros escravos. A narrativa trata de uma trágica história de amor entre dois jovens: a pura Úrsula e o nobre Tancredo. Supostamente é uma história clássica de amor impossível. Porém, logo se nota o tratamento dado aos personagens negros, às mulheres e à escravidão, fazendo com que se perceba que as preocupações no romance vão além das tramas puramente trabalhadas no período do Romantismo. Mesmo tendo sido escrito nesse período literário, apresenta traços distintos dos romances produzidos nesta época, principalmente no que se refere à construção das personagens escravas. A narrativa se vincula a um primeiro triângulo amoroso formado por Adelaide, Tancredo e seu pai. Esse triângulo termina com Tancredo indo embora. Então, surge um segundo triângulo amoroso formado por Tancredo, Úrsula e seu tio, a moça que dá o nome do livro seria a perfeita imagem de castidade e da pureza, pelo fato de viver em um ambiente simples e ter que cuidar de sua mãe enferma. Por fim, vem a apresentação de três personagens negros que aparecem ao longo do livro, crescendo a importância cada vez maior desse núcleo: Túlio, mãe Suzana e Antero. O drama dos escravos começa a dividir o protagonismo da história, pois há capítulos específicos para cada um, no qual podem contar um pouco de sua história, junto com o drama vivido por Úrsula. O livro começa a ganhar mais forma e impacto na medida em que surgem os dramas dos escravos. O primeiro capítulo se inicia com o jovem Túlio – escravo -, que salva a vida de Tancredo num acidente, entre os dois cresce uma relação de amizade e respeito, e fica claro que Túlio não é inferior ao branco, pois se coloca à disposição do branco por bondade e não por obrigação, assim sendo retratado com as características de um herói - justo, corajoso e honesto -, diferentemente de Antero, escravo do comendador. A autora faz um contraponto do caráter elevado de Túlio com o Antero, o qual é marcado pelo vício da bebida alcoólica, mostrando outra faceta de escravo, aquele que não viu outra saída da escravidão imposta, e para aplacar seu sofrimento, entregou-se ao vício. Edição 1 - 2019 - Úrsula