Resenha da 301 ADM Resenha da 301 ADM | Page 40

O Comendador determinado a casar-se com Úrsula, durante seus esforços para levá-la da casa de Luísa B., esta morre e, em suas últimas palavras, deseja que sua filha fuja do Comendador. No enterro de sua mãe, Úrsula é resgatada por Túlio e Tancredo, que vieram a mando da mãe Susana que contou sobre os planos do Comendador. Os três fogem para a cidade de **** (local não revelado pela autora), aonde vão para um convento. Lá, Tancredo diz que protegerá Úrsula de todo perigo; enquanto isso o Comendador captura mãe Susana, e como ela não revela onde Úrsula está, possuído pela raiva, Comendador Fernando manda que a torturem e matem. Acaba descobrindo a localização de Úrsula através de um escravo e vai em busca dela, mesmo depois dos conselhos do padre, no qual ponderou que a vingança o condenaria. Enquanto isso, Úrsula e Tancredo estavam se casando, porém Túlio havia desaparecido. Descobrimos ao longo da narrativa que ele foi raptado por capangas do Comendador Fernando e estava sendo mantido preso aos cuidados de Antero, escravo viciado em tabaco e álcool. Túlio suborna o homem com bebida, que acaba adormecendo, possibilitando sua fuga, mas para evitar que o escravo fosse executado por este deslize, Túlio finge que o venceu em uma briga e o amarra a um tronco.Túlio consegue chegar ao casamento, mas antes de se encontrar com os noivos é morto pelo Comendador, então se inicia o duelo entre Tancredo e Fernando e, no meio de muita confusão e euforia, Tancredo é morto após dar o primeiro beijo em sua amada. Depois de tais eventos, Úrsula se afunda em solidão e depressão, e o Comendador se corrói em culpa, pois havia matado Paulo B., Túlio, Tancredo e Susana. Não bastando tudo isso, Úrsula falece também, acrescentando mais uma morte na conta de Fernando que, consumido pela culpa, enlouquece e vai para o convento buscar a redenção dos seus pecados, até que sua hora também chega. O livro “Úrsula” é muito interessante em diversos aspectos, desde a abordagem ao tema abolicionista de uma forma nunca antes concretizada, humanizando o negro ao colocá-los como protagonistas de suas próprias histórias e ao não diferenciar suas falas em comparação aos mais privilegiados que possuíam acesso à educação, evitando noções preconceituosas que nos vem à cabeça sempre que imaginamos um negro em sua própria fala. Quando comparamos a obra com outras do seu tempo, ela se mostra original. Se tomarmos como exemplo as obras “Iracema” e “O Guarani” de José de Alencar, percebemos no que se refere ao nacionalismo que os personagens indígenas apresentam-se passíveis aos feitos dos nobres portugueses durante a colonização, sendo assim, um comprometimento na construção da ideia de nação. Em “Úrsula” os personagens negros são cientes de seu estado como escravo, da sua vida e do seu passado, como Antero que se afunda em mágoa e busca refúgio na bebida, deixando claro a sua insatisfação e que tamanha era a saudade de sua terra natal que ele nunca poderia se ver como um habitante daquelas outras terras, as brasileiras. Edição 1 - 2019 - Úrsula