V A N D R E I
L E O N A R D O
Ú R S U L A
Úrsula
Títulodo livro: Úrsula e outras obras
Editora: Câmara dos Deputados
Ano: 2018
Número de páginas: 306
Autor (a): Maria Firmino dos Reis
OBS: Livro originalmente publicado em 1839, mas a edição
resenhada foi publicada em 2018
ÚRSULA, resenha crítica do romance
O livro se passa no Brasil do século XIX, que se encontrava em um processo pré-abolicionista. A
sociedade se caracterizava por uma cultura patriarcal e hegemonia branca, excluindo vários agentes
sociais, principalmente, mulheres, negros e índios, estes que não condiziam com a classe dominante da
época. Em meio a este panorama, temos uma mulher negra, no momento da publicação do livro conhecida
apenas como “uma maranhense”, que escreve sobre a história daqueles que não tinham voz.
A trama começa com um homem de aparência nobre que, ao desmaiar sobre seu cavalo, é ajudado
por um escravo chamado Túlio, que o leva para a casa de Luísa B., onde é revelado o nome desse homem,
Tancredo, assim como a história da traição de sua antiga amada, Adelaide, com quem pretendia se casar,
e acabou em matrimônio com o seu pai, um homem extremamente orgulhoso e rigoroso.
Durante o tempo que ficou na casa de Luísa B. esteve aos cuidados Túlio. Conhece Úrsula, filha de
Luísa B., por quem se apaixonou profundamente desde o primeiro momento que a viu, porém, logo que se
recuperou dos males de saúde, partiu com o escravo Túlio, que havia tido a liberdade concedida, deixando
sua amada Úrsula aflita.
Enquanto Tancredo e Túlio estão fora, nos é apresentado o irmão de Luísa B., o Comendador
Fernando, responsável pelo assassinato do pai de Úrsula, Paulo B., mostrando-se um homem impiedoso e
possessivo que viria a ser o antagonista da trama. Uma de suas ambições era se casar com Úrsula, sua
sobrinha, a qualquer custo.
Na viagem de Túlio e Tancredo é apresentada Susana e sua história sofrida de anos de escravidão.
Era vista como uma mãe e possuía um coração muito bom. Em um determinado momento da obra, ela
pergunta a Túlio se era verdadeira ideia de liberdade que ele tinha e se havia certeza dessa jornada, pois
para ela: “Só estaremos de fato livres quando nos levarem de volta ao nosso lar e nos devolverem nossa
família”. Nesse momento, a leitura da obra se diferencia muito das anteriores, pois a autora Firmina,
primeira mulher a escrever um romance abolicionista, dá corpo e voz a personagens negros, corrigindo
aquilo que seus antecessores e escritores contemporâneos falharam ao apresentar indivíduos, pois ela
passa a dar nome, memória e uma história digna a eles, os negros escravos.
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Edição 1 - 2019 - Úrsula