Tancredo se despede de Luíza B, agradece pela hospitalidade e pede a mão de Úrsula em
casamento, apesar de hesitar, a mãe acaba abençoando a união da filha com o mancebo. Muito fraca,
Luíza B. conta para a filha que tem um irmão que passou a detestá-la depois que ela se casou com o
senhor Paulo B., que foi assassinado na cidade. A mãe de Úrsula afirma como foi difícil criar a filha
sozinha e ainda lidar com a própria paralisia.
Com saudade do seu amado, Úrsula, em um de seus passeios pela floresta, acaba trombando
com um homem misterioso, apresentado como o Comendador P, seu tio e irmão de sua mãe. Ele se
apaixona por Úrsula e desenvolve uma obsessão por ela. A jovem menina passa noites sem dormir
com medo do tio. Tudo muda quando sua mãe piora de saúde e o comendador P vai visitá-la, ele diz
para irmã que cuidará de Úrsula e se casará com ela. Em seus últimos momentos, Luiza B. fala para
filha fugir, a qual segue o conselho da mãe e foge com ajuda da escrava Suzana. Ela se reencontra
com Tancredo e eles se casam em um convento onde Úrsula estava escondida, mas eles acabam
sendo descobertos pelo comendador P., o negro Túlio, na tentativa de ajudar os dois, acaba sendo
morto pelo comendador, que também assassina Tancredo.
Algum tempo depois, o corpo da escrava Suzana está sendo sepultado, que foi morta por ajudar
Úrsula. O comendador não está feliz e pode-se observar um sentimento de culpa por parte dele pelo
estado em que se encontra sua amada, que está cada dia mais louca. Muito debilitada pelas perdas
que teve, Úrsula morre de tristeza deixando o comendador P inconsolável, sendo que este passa o
resto de seus dias como Frei Luiz de Santa Úrsula. Em seus últimos suspiros, ele afirma que ainda
odeia Tancredo por ter lhe tirado Úrsula e morre sem se arrepender das maldades que fez em nome
do seu amor não correspondido.
Na obra há uma humanização do escravo, que em nenhum momento foi visto em outras
literaturas daquela época. Firmino usou uma linguagem para igualar o homem negro ao homem
branco, pois ambos falam de maneira formal, que é considerada a língua de maior prestígio
sociedade. Esse grande ponto fica bem exposto no capítulo IX, pois é nos apresentado a preta
Suzana, mãe adotiva de Túlio. Os dois entram em um diálogo sobre liberdade e mãe Suzana alerta ao
filho sobre a falsa ideia de liberdade que ele tem em relação ao homem que lhe a concedeu. Túlio
discorda e afirma que graças ao mancebo ele é livre como um pássaro, como as águas ou como seus
antepassados eram na África. As palavras dele fazem Suzana lembrar-se de sua terra, onde nasceu,
casou-se e teve uma filha, onde era de fato livre. Ela conta que um dia, enquanto trabalhava na
colheita, foi capturada e feita cativa por bárbaros, colocaram-na em um navio junto com outros irmãos,
foram acorrentados de pé para caber mais e eram tratados como mercadoria humana. Por trinta dias
na viagem pelo oceano, muitos morriam de fome e sede, até que finalmente chegaram no Brasil.
Edição 1 - 2019 - Úrsula e outras obras