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Narrativas Indígenas e Afro-Brasileiras: Possibilidade de uma
Aprendizagem Democrática Através do Mito
Seja na literatura, na música ou nos costumes, não é novidade nos
referirmos à ascendência tanto africana quanto indígena enquanto matrizes da
cultura brasileira. Apesar disso, a partir de um olhar voltado para o contexto
escolar, não apenas as práticas culturais, mas também a história dos povos
indígenas e africanos costuma ser ignorada, de maneira que crianças que fazem
parte desses povos são marcadas pela descaracterização de seus preceitos e por
um discurso de inferioridade.
Em meio a isso, a mitologia indígena e africana se mostra como
importante caminho para estudos desses povos. O mito pode ser definido
segundo uma perspectiva defendida por Mircea Eliade (1972) enquanto:
O mito é uma realidade cultural extremamente complexa, que pode ser
abordada e interpretada em perspectivas múltiplas e complementares [...] o
mito conta graças ou feitos dos seres sobrenaturais, uma realidade que passou
a existir, quer seja uma realidade tetal, o Cosmos, quer apenas um fragmento,
uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, é sempre
portanto uma narração de uma criação, descreve-se como uma coisa foi
produzida, como começou a existir. (p. 12-13)
Contudo, a partir de um olhar voltado para religiosidade de alguns povos,
o mito deixa de assumir caráter ficcional e se torna a verdadeira concepção de