Relatório da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2015 | Page 93

92 | RELATÓRIO DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA DA ALERJ | 2015 procedimentos e prestação de auxílio que cabia à Comissão. Além disso, sugeriu o atendimento psicológico à família, principalmente, para o filho de Bruno, Erick Daniel da Silva Pereira, de 11 anos. A viúva Michelle Pereira relatou que o filho Erick estava aéreo e com dificuldades para entrar em casa. Diante disso, a equipe técnica da CDDHC Alerj entrou em contato com o Centro Municipal de Saúde Nascimento Gurgel, na Pavuna, área de referência de moradia da família. O primeiro atendimento ao Érick ocorreu no dia 02/10, no centro de saúde. O jovem segue na terapia e os demais familiares continuam em contato com a Comissão. Michelle Pereira possui os números dos celulares de assessores e do defensor para acionar em caso de emergência. 4.2.2. AUDIÊNCIA PÚBLICA: CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS POLICIAIS Diante das inúmeras denúncias acerca da precarização das condições de trabalho de policiais, a CDDHC realizou, em parceria com a Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia, audiência pública sobre o tema com o intuito de apurar os fatos noticiados pelo Ministério Público, em 19 de maio de 2015. As polícias do Rio estão entre as que mais matam e morrem no mundo, e esta vulnerabilidade é ainda mais agravada pelas precárias condições de trabalho fornecidas pelo estado, tais como as estruturas físicas, bem como escalas de trabalho desumanas que implicam em ainda mais vulnerabilidade aos profissionais da Segurança Pública. Segundo o pesquisador Ignacio Cano, do Laboratório de Análise da Violência (LAV/ UERJ), os níveis de stress dos policiais militares do Rio encontram-se elevadíssimos, o que traz graves consequências para a política de segurança pública. Ao entrevistar 5 mil policiais, 20% do efetivo da região metropolitana do Rio de Janeiro, a pesquisa do LAV apontou que o elevado nível de estresse faz com que 52% destes policiais tenham constante insônia e que 7% pensem em acabar com a própria vida. De acordo com o levantamento, 35% dos policiais já atiraram em alguém e 8% já foram atingidos. “Os policiais mais estressados são os que usam mais a força. É nefasto para o policial e prejudicial para a sociedade”, afirmou Cano. A audiência pública reuniu o Diretor Administrativo da Polícia Civil, Fábio Brito, o Chefe de Gabinete do Comando Geral da Polícia Militar, Íbis Pereira, o Superintendente de Valorização Profissional da Secretaria de Segurança Pública, associações de policiais e familiares, além dos pesquisadores. A Secretaria de Segurança informou que estuda a implementação de ações previstas no Termo de Ajustamento de Conduta proposto pelo Ministério Público, mas que tais ações esbarram na falta de recursos financeiros do estado do Rio de Janeiro. Outro tema relevante tratado na audiência diz respeito ao auxílio às famílias de policiais mortos. Segundo Maria Rosalina Castilho, mãe da policial militar Alda Castilho, a assistência prestada pelo Estado é deficitária e lenta, acarretando danos de difícil reparação aos familiares, especialmente àqueles dependentes financeiramente.