Relatório da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2015 | Page 84
RELATÓRIO DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA DA ALERJ | 2015 | 83
gada, policiais da Unidade de Polícia Pacificadora do Alemão registraram na 22ª DP
(Penha) a morte de Mateus Gomes Lima, de 18 anos, uma das vítimas que teriam sido
executadas por agentes policiais. Oficialmente, a noite de 1º de abril, terminou com
duas mortes no Complexo do Alemão. Extraoficialmente, os moradores contabilizavam quatro mortes naquele dia.
No dia seguinte, em 2 de abril, a CDDH Alerj foi ao Complexo do Alemão, na casa da
moradora Elisabete Alves para prestar assistência à família e acompanhar o caso. Na
ocasião, o delegado responsável pela Divisão de Homicídios chegou junto com o corpo
técnico para realizar perícia no local. Maicon Alves, filho de Elisabete, relatou à Comissão que sua mãe estava cuidando do filho mais novo quando começou o tiroteio na
Alvorada. Ela chegou a abrigá-lo, mas foi alvejada ao tentar fechar a porta. Na hora, os
vizinhos começaram a gritar com os policiais dizendo que alguém tinha sido baleado
dentro da casa. Imediatamente, tentaram socorrer Elizabete, mas ela não resistiu.
Após o enterro, a Comissão prestou atendimento coletivo junto com outros órgãos públicos, como a Defensoria Pública. Foram realizados os seguintes procedimentos com
o objetivo de dar suporte à família: acompanhamento do inquérito policial; busca por
indenização; e encaminhamento para atendimento psicológico e social.
Após alguns dias, Carlos Roberto, marido de Elisabete Alves, ligou para a CDDH Alerj,
para informar que foi ameaçado por policiais que participaram da operação na qual Elisabete foi vítima. Imediatamente, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj encaminhou ofício nº 130/2015 para o Comando da Polícia Militar. Desde
então, Carlos Roberto não relatou mais nenhuma situação de ameaça ou intimidação.
EDUARDO DE JESUS, 10 ANOS
Morador da região do Areal, o menino foi atingido por tiros na tarde de quinta-feira,
2 de abril de 2015. Ele estava sentado na porta de casa esperando a irmã mais velha
voltar da escola, segurando um celular branco na mão. Teresinha Maria de Jesus, mãe
de Eduardo, estava sentada no sofá de casa há poucos metros do menino e viu quando
o filho já tombou morto no chão. Em um filme registrado por moradores, policiais armados com fuzil são acusados pela execução da criança. Eduardo foi a quarta vítima
oficial da violência decorrente da política de enfrentamento ao tráfico de drogas no
Complexo do Alemão, em dois dias consecutivos. À época, os moradores já conviviam
há cerca de 90 dias seguidos com intensos tiroteios.
No mesmo dia, a CDDH da Alerj estava no Complexo do Alemão, para prestar auxílio
a família de Elisabete Alves, morta no dia anterior. Com mais esse assassinato, a Comissão foi procurada por lideranças da comunidade pedindo socorro e mediação do
conflito. Imediatamente, foi realizado contato com todos os órgãos do Estado relacionados à Secretaria de Segurança Pública, incluindo o comandante da UPP da região.
Em 3 de abril, a equipe técnica da CDDH Alerj foi à casa dos pais de Eduardo de Jesus,
para oferecer suporte institucional e o acolhimento à família. Os pais do menino rela-