80 | RELATÓRIO DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA DA ALERJ | 2015
mover o debate, procurando não só a solução de casos, mas essencialmente quanto instituição auxiliar na promoção de políticas públicas sociais. Até hoje, foram prestados atendimento a mais de 4 mil casos, sendo 809 casos atendidos somente em 2015. A seguir há destaque sobre alguns casos emblemáticos.
4.1. CASOS EMBLEMÁTICOS DE VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS
FAVELA DA PALMEIRINHA: FEVEREIRO DE 2015
Três amigos Hebert, Chauan e Allan estavam em momento de diversão na rua andando de bicicleta e brincando de filmagem com o celular na esquina de casa na favela da Palmeirinha em Guadalupe. Quando dois deles correram atrás de um dos amigos que filmavam no momento em que policiais militares passavam de carro pela rua. Tiros acertaram o peito de Chauam Jambre Cezário, 17 anos, mas resistiu aos ferimentos. Já Allan de Souza Lima, de 15 anos, não teve a mesma sorte e morreu na hora. Todos os três jovens eram negros. No primeiro momento da ocorrência, policiais do 9 º BPM( Rocha Miranda), autores dos disparos, justificaram o uso da força letal devido a um suposto tiroteio entre eles e os jovens. Porém, a entrega de um vídeo à Polícia Civil, posteriormente veiculado na mídia, pôs fim a versão dos policiais.
Alan de Souza Lima gravou sua própria morte. Pelo celular, ele filmou um pouco antes de morrer toda ação. As imagens revelam que não ocorreu qualquer tiroteio e registrou a sua própria queda ao ser atingido. Em outro vídeo, no interior do carro da polícia, aparece um dos policiais projetando o corpo para fora da janela do carro e, 16 segundos depois, começam os disparos. Em uma imagem externa, é possível ver duas pessoas paradas na esquina e, posteriormente, elas aparecem feridas no chão. O policial pergunta porque elas correram. Um dos jovens, Chauam Jambre Cezário, responde:- A gente estava brincando, senhor.
A equipe técnica da CDDHC Alerj esteve na casa de Josenildo Lobão, aposentado por invalidez, pai Hebert Lobão, um dos três jovens. Ele relatou que naquela noite estava deitado quando escutou os tiros, levantou da cama, percebendo que alguém tentava abrir a porta, mas ela estava trancada. Quando foi até a porta, viu o filho caído no chão pedindo socorro. Em seguida, segundo ele, chegou o caveirão com outros carros da polícia mandando ele entrar. Josenildo discutiu com o policial e se recusou a entrar ao informar que Allan era seu filho, que tinha teste para o time de futebol da divisão de base do Bangu naquela semana. Durante a conversa com os integrantes da Comissão, a mãe de Allan e um dos adolescentes que também estava na filmagem, informaram que estavam com muito medo, mas iriam à Delegacia de Marechal Hermes, pois haviam sido chamados para prestar depoimento.
Em 3 de março, foi realizada um atendimento pessoal na Comissão – com a presença do deputado Marcelo Freixo, do defensor público do NUDEH, Daniel Lozoya, e de familiares dos três jovens. Josenildo Lobão contou que seu filho não foi ferido e es-