Relatório anual da Comissão de Direitos Humanos da Alerj - 2014 | Page 86
Leon Diniz
Pedro Paulo Franklin diz que
a prefeitura dividiu a Vila
Autódromo
O bombeiro aposentado Pedro Paulo Franklin, 72 anos, afirma que a prefeitura não cumpriu
as promessas feitas quando iniciou as negociações. “Acompanhei todas as negociações e ouvi
do próprio prefeito que ele não tiraria os nossos sonhos. Antes, ele disse que toda a negociação seria através da associação de moradores, mas, a partir daquela reunião (entre Eduardo
Paes e aqueles que foram convencidos a deixar a comunidade), a negociação passou a ser
diretamente com ele. Eles movimentaram a população contra a associação”, lembrou.
CDDHC: O que achou dos apartamentos?
Pedro Paulo Franklin: Se eu não tivesse
construído minha casa ou não tivesse nada,
acho que até aceitaria. Mas minha vida toda,
todo tempo e dinheiro disponível, está aqui.
Foi tudo feito com honestidade, dentro daquilo que eu podia, com minhas limitações.
CDDHC: Como observa o posicionamento da prefeitura?
Pedro Paulo Franklin: Ouvi do próprio prefeito que ele não tiraria nossos sonhos.
No início, a palavra dele foi muito boa. Eu
sempre achei que a gente ficaria na terra,
ou que pelo menos, não iria perder o que
construímos. Mas, as negociações não caminharam conforme esperávamos porque
a prefeitura passou por cima da Associação
de Moradores. Eles aproveitaram a oportunidade da liminar para dividir a população
e jogar a culpa da falta de diálogo na Associação. O prefeito não deu resposta alguma, não se posicionou sobre como será
a urbanização ou como ficarão as pessoas
que não querem sair.
A CDDHC adotou os seguintes encaminhamentos referentes ao caso:
defensoria pública, tendo como casos Vila
Autódromo, Favela Indiana e Providência.
• Realizamos no segundo trimestre o Ocupa Direitos Humanos em Vila Autódromo,
com parceiros como Anistia Int ernacional
e a ONG Justiça Global quando tivemos a
oportunidade de visitar a comunidade e
recolher as denúncias de violação do direito à moradia.
• Como encaminhamento da audiência, apresentamos uma representação ao Ministério
Público contra o defensor público geral,
Nilson Bruno, por assédio moral e improbidade administrativa por conta da liminar
derrubada no caso de Vila Autódromo.
CDDHC: A prefeitura já o procurou?
Pedro Paulo Franklin: Atualmente, não, só
a Marli (Marli Peçanha, funcionária da prefeitura), que perguntou se estávamos interessados em mudar para outra localidade. Eu até
cheguei a visitar os apartamentos, nas não
quero de maneira nenhuma. Nós temos aqui
uma questão antiga, entramos na justiça
para reaver a posse, e eu vou esperar.
• Audiência pública em abril sobre a política
de remoções no Município e o papel da
• Relatório sobre o contexto atual de Vila
Autódromo, a política de remoções e recomendações desta comissão.
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