RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA Relatório Final Desaparecimento Forçado na Democ | Page 225

anônima. Houve, incontestavelmente, tempo suficiente para um possível sumiço dos restos mortais e remoção de todos os vestígios. b) em janeiro de 2006, Marilene Lima de Souza, mãe da vítima Rosana de Souza, concedeu depoimentos tanto a Polícia quanto a Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, afirmando ter recebido a denúncia de um detento que os corpos estariam no sítio do Peninha em Bongaba. 174 Diante de seu depoimento, foram realizadas novas buscas no local. No dia 26 de junho de 2006, foi encontrado um osso aparentemente humano, mas que não chegou a ser identificado. No entanto, numa segunda incursão uma surpreendente descoberta foi realizada: no dia 29 de junho de 2006 contando com a colaboração de empresa particular foi utilizado um aparelho sonar de solo, por meio de técnicos que detectaram alterações nas camadas de solo, permitindo afirmar que, em 11 pontos (!!!) o solo havia sido remexido em épocas passadas, numa profundidade que variava de 0,50 e 1,50 m, sendo esses os pontos que se poderia fazer alguma escavação. (grifos e exclamações nossos) Na terceira vez, dia 06 de julho de 2006, retomamos com uma guarnição da CBMERJ e uma equipe do ICE, ambos de Magé a fim de cavar nos pontos previamente marcados e, se fosse o caso, encontrar algum corpo a perícia já se faria presente. Infelizmente, não foi encontrado nenhum corpo... 175 Ora, 16 anos depois seria, no mínimo improvável que 11 corpos ainda permanecessem enterrados em cova rasa no local, especialmente considerando um crime de grande repercussão como este. Entretanto, salta aos olhos serem identificados 11 pontos de solo remexidos, correspondendo, portanto, ao exato número de vítimas, o que traz indícios de que, caso o Estado tivesse agido de modo mais diligente, outras evidências ou provas da presença das vítimas poderiam ter aparecido. No relato da promotoria, destacam-se as inúmeras obras realizadas no sítio ao longo do tempo. 176 Estas obras, ressalte-se, poderiam mascarar ou dificultar a identificação de indícios da presença dos corpos das vítimas, pois até mesmo uma piscina fora erguida no local. c) Em setembro de 2006, foi localizado o Sr. Ulisses que teria indicado a Marilene o sítio de Peninha como o local onde estariam os corpos. Questionado, este deu indicações detalhadas de vários dos envolvidos na Chacina de Acari e também no assassinato de Peninha. Levado ainda para identificar o sítio, trouxe traz nova informação: o local onde estariam os corpos não era aquele sítio já visitado 174 175 176 (docs. 13 e 14) (doc. 15) (doc. 16) 225