RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 81

– Nós de Jacarepaguá vamos dar um exemplo para o resto da cidade. Vamos mostrar que é possível acabar com o tráfico de drogas. Mas quero deixar bem claro: não apoiamos a “mineira”. Estamos com o 18º BPM. Esse episódio inaugura a nova modalidade de uma antiga relação. Demarca a transição de contratos informais entre pequenos comerciantes locais e grupos de extermínio da Baixada, visando ações pontuais de limpeza social, para uma relação formalizada, inclusive publicamente, entre empresários do ramo do comércio e da indústria com os milicianos da Zona Oeste. A mudança, porém, é que os objetivos dessa relação não se limitam aos arredores de uma loja ou o quarteirão de uma rua. O apoio é dado visando a conquista e dominação dos territórios da cidade e, mais tarde, de todo o estado. Esse movimento oscilante entre a formalidade e a informalidade organizada pode ser percebido também no avanço das empresas de segurança particular no Rio de Janeiro, praticamente monopolizadas por policiais civis e militares. Um levantamento publicado pelo jornal O Globo mostrou que metade das 148 empresas de segurança privada com autorização do Ministério da Justiça para atuar no estado pertencia a oficiais da PM, do Corpo de Bombeiros e a delegados da ativa e aposentados. O levantamento também aponta que os donos dessas empresas contratavam os funcionários entre os seus subordinados de batalhão ou delegacia. Dados da Polícia Federal também indicavam que 80% das 400 empresas ilegais de segurança privada atuando no Rio pertencem a policiais militares e civis [O Globo, 30/05/05]. No último ano do governo Rosinha, apesar dos escandalosos índices de homicídios na Zona Oeste, algumas autoridades públicas se manifestaram publicamente de maneira favorável às milícias. Ninguém se perguntava, por exemplo, porque a polícia, quando oficialmente em serviço, não era capaz de expulsar os traficantes com tanto sucesso como quando o faziam enquanto milícia. À época candidato a prefeito, Eduardo Paes chegou a utilizar o exemplo dos milicianos como um norte a ser seguido pela sua futura administração, caso fosse eleito. Você tem áreas em que o estado perdeu a soberania por completo. A gente precisa recuperar essa soberania. Eu vou dar um exemplo, pois as pessoas sempre perguntam como recuperar essa soberania. Jacarepaguá é um bairro que a tal da polícia mineira, formada por policiais e bombeiros, trouxe tranquilidade para a população. O Morro São José Operário era um dos mais violentos desse estado e agora é um dos mais tranquilos. O Morro do Sapê, ali em Curicica. Ou seja, com ação, com inteligência,