RELATÓRIO FINAL DA SUBCOMISSÃO DA VERDADE NA DEMOCRACIA AS EXECUÇÕES SUMÁRIAS NO RJ | Page 35

interindividuais (crimes passionais, etc.), confronto policial, latrocínio, indefinidos (encontro de cadáver) e outros. [O Globo, 17/11/91] Outra iniciativa de caráter fundamental para o momento político-social do Rio de Janeiro foi a criação da Divisão de Defesa da Vida, idealizada para funcionar como delegacia especializada em crimes sem autoria. A DDV foi criada pelo Decreto 16.834/91, em substituição à Divisão de Homicídios. À época, o vice-governador e Secretário de Justiça e Polícia Civil, Nilo Batista, alegou que não se tratava apenas de uma mudança de nome, mas uma transformação da própria estrutura da nova divisão. O artigo 3º, parágrafo 2º, do Decreto, estabelece que a Divisão de Defesa da Vida se torna responsável pela apuração dos casos de homicídio de autoria incerta ou desconhecida se, transcorridos os trinta dias de prazo do inquérito, a delegacia responsável pelo crime não conseguir esclarecer quem são os autores. O objetivo era evitar os altos índices de prescrição de homicídios no estado do Rio de Janeiro. Nilo Batista também criou um canal direto com a população para receber informações sobre ocorrência, identificação e localização de criminosos: a Central de Denúncias da Vice-Governadoria. O órgão foi destinado ao receber telefonemas e cartas, identificados ou sob anonimato. Segundo o próprio Nilo: Com isso já conseguimos desbaratar vários grupos de extermínio, com a prisão de seus integrantes, e diminuir em mais de 25% a matança desenfreada que ocorre neste estado. A testemunha é fator importante na elucidação de um crime, mas o medi faz com que ela se retraia [O Globo, 17/11/91]. A preocupação de Leonel Brizola e Nilo Batista com os crimes praticados por matadores no exercício da lei ou na forma de grupos de extermínio era um ponto central de sua administração. Logo nos primeiros meses o governador determinou a criação de três comissões especiais para investigar ex-policiais, em especial, a que práticas profissionais os agentes expulsos das corporações se dedicavam. A iniciativa se baseava no envolvimento de ex-policiais e agentes de segurança – os bombeiros também foram investigados – em grupos de extermínio e nas empresas de segurança privada que funcionavam, na prática, como centros de pistolagem. Cada uma das três comissões seria formada por um setor diferente. Uma pela Polícia Civil; outra pela Polícia Militar; e a terceira pelo Ministério Público. Na Baixada, onde a prática de chacinas e execuções era a mais aguda em todo o estado, Brizola criou o Departamento de Polícia Civil da